O funeral do soberano do Reino do Ndongo, Rei Buba Nvula Dala a-Mana, vai ser realizado no Sábado, 16, às 10 horas, no município de Marimba “Mukulu A Ngola”, junto do Rei Ngola Kiluanji e da Raínha Njinga Mbandi. O monarca faleceu aos 101 anos, na passada Sexta-feira, 08, vítima de doença
Este que foi o 44º rei do Reino do Ndongo, com uma corte composta por 150 membros, esteve no poder há 30 anos e merecerá um funeral tradicional, com a presença de um número restrito de membros da família, naquela localidade.
O Rei deixa sete mulheres, 45 filhos e 150 netos.
Em conversa com este jornal, Isaías Ngola Nvula, o sexto filho do malogrado, referiu que o sucessor, com base na tradição, devera ser um sobrinho do Rei Buba Nvula Dala a-Mana, da parte materna.
Quanto aos requisitos necessários, entre eles, disse que deverá ser alguém acolhedor, com capacidade de dar sequência aos projectos de Buba Nvula. “Essa é uma questão familiar. Isso tudo dependerá da decisão da família.
Vamos sentar e ver quem é que dá para substituir, quem é o mais acolhedor.
É um assunto que merecerá maior atenção depois de termos realizado o funeral”, explicou.
Questionado sobre aquela que era a atitude de seu pai, Isaías Ngola disse que se trava de um Rei que mereceu destaque devido às suas qualidades pessoais, pelo papel preponderante que desempenhava na sociedade, já que foi um homem humilde, conselheiro e humanista.
Isaías destaca aqui a forma como o Rei Buba Nvula resolvia os problemas dos cidadãos, tanto de forma tradicional, como assunto a nível governamental, para que se criassem melhores condições de vida para a população, que, por essas e outras qualidades, era tido por muitos como pai.
“Comparando com os outros soberanos que reinaram no Ndongo ele era mais aberto. Ele resolvia todos… desempenhava muitos papéis. Atendia ao pedido de todos, sem se importar a sua proveniência, se vinham de outras províncias”, contou.
O expoente máximo da ancestralidade
O sector cultural de Malanje, na voz do seu responsável, Bernardino Felizardo, encara a morte do Rei Buba Nvula Dala a-Mana como uma grande perda, já que representava o expoente máximo da nossa ancestralidade viva, que acaba por abalar todo espectro cultural.
“Ou seja, nós temos o Rei como um monumento de veneração tradicional, uma instituição de respeito e consideração dentro do espectro da política tradicional e do direito costumeiro. Isso é, pois, motivo de forte consternação”, lamentou.
Quanto àquilo que foi o seu trabalho, o director provincial da cultura refere que o Rei, na verdade, mais do que fazer a gestão do trono era um exímio especialista em reunir os clãs que durante o seu mandato fez um trabalho muito forte de reposição ideológica, de reposição da identidade de Angola.
Uma das suas características que aqui destaca é o facto de ser alguém que defendia o bem-estar da população, batia-se de frente quando notasse que os benefícios, aquilo que eram os direitos da população não eram salvaguardados.
Isso é, a violação dos direitos humanos, entre a falta de saúde e de educação.
“Em relação ao que ele representa, nós sentimos muito, porque grande parte do território nacional verga-se nesta altura diante do Rei, por ser o Rei de Angola, por ser o Rei dos Ngola.
Ele acaba por congregar em si o Ndongo, a Matamba, os Lundas, os Bakongos, os Ovimbundos, se quisermos, e outras franjas da nossa angolanidade”, apontou.
Sobre o Rei
Buba Nvula Dala-a Mana, nasceu a 1 de Janeiro de 1922, na localidade de Banje-Ya-Ngola, no município de Caombo, e dirigiu durante décadas os destinos dos antigos Reinos do Ndongo e da Matamba, tendo, durante o seu reinado, orientado e designado, com apoio da “Corte Real”, os guardiões que cuidam dos túmulos dos ancestrais Ngola Kiluanji e Raínha Njinga Mbandi, sepultados na aldeia de Mukulo-aNgola, no município de Marimba, a 210 quilómetros a Norte da cidade de Malange.