A iniciativa do criador da mostra, Uólofe Griot, visa saudar o 447º Aniversário da Cidade de Luanda, que hoje se comemora
Sob a égide do Palácio de Ferro local em que será inaugurada a partir das 18 horas, em parceria com o Espaço Luanda Arte–ELA, o artista plástico Uólofe Griot apresenta a exposição individual intitulada “Rainha Njinga”, que deverá ficar patente até ao dia 28 de Fevereiro.
Segundo o artista Uólofe Griot, em nota a que OPAÍS teve acesso, este projecto, simultaneamente de celebração e questionamento, surge como forma de reflexão sobre a identidade do ‘Angolano’ nos dias que correm.
Por isso, destaca nesse questionamento as figuras lúcidas e translúcidas, imagens sequenciadas e em movimento para remeter os visitantes à fluidez da identidade angolana, que permanece nas incertezas e que não se vê reflectida no quotidiano.
“Foi uma inquietação pessoal que motivou-me a aceitar desenvolver este projecto, assim como a forma de trabalhar.
Pinto a Rainha Njinga Mbande em vários contextos e como forma/suposição de questionamento no que concerne à identidade e às noções de memória colectiva dos angolanos, pois a maioria são ou parecem ser meras especulações.
Na falta de ideias/imagens fidedignas da Rainha Njinga Mbande, procurei fazer uma série de provocações imagéticas da Rainha Njinga Mbande contextualizadas nos dias de hoje.
As obras são formas/propostas de questionamento/protestos do passado de onde se teceram a imagem/identidade dela e do povo angolano, e de como ela se enquadra nos dias actuais (século XXI)”, justifica o artista.
Por sua vez, o académico português Alberto Oliveira Pinto refere que, “apesar da sua inegável popularidade e do elevado número de trabalhos académicos e artísticos que lhe têm sido consagrados, a verdadeira Rainha Njinga Mbande permanece envolta em brumas e alguns dos seus principais encomiastas parecem, estranhamente, empenhados em querer tornar perene o fenómeno”.
Percurso do artista Natural de Luanda, 1989 é artista e ‘designer’.
De nome artístico “Uólofe Griot”. Estudou na Faculdade de Artes–Universidade de Luanda.
É membro da União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP).
Define-se como sendo um artista contador de histórias.
Um Griot! O seu processo de criação busca um estilo próprio, tendo como base do seu trabalho a apropriação da escrita pictográfica, ideogramas africanos e, principalmente, de mitologias de várias culturas.
Todos estes elementos têm profunda relação com os ‘doodles’ que caracterizam a sua pintura, que são como as veias onde percorrem todas questões que permeiam o seu trabalho artístico: experiências, memórias, conhecimento e a sua própria espiritualidade.
Conta com quatro exposições individuais e participou em mais de 13 mostras colectivas.
Participou em três residências artísticas, sete ‘performances’ e nove pinturas murais. Em 2018, ganhou o Prémio Juventude ENSA ARTE NA XIV Edição.
E em 2022, foi o Grande Prémio, 1º Classificado em Pintura também na ENSA ARTE na XVI Edição. As suas obras começam a fazer parte de importantes colecções nacionais públicas e privadas.