Mais de uma dezena de artistas provenientes do Cunene vão participar na 3.ª edição do projecto “Turismo Também é Cultura”, que se vai realizar de 27 a 31 do corrente mês, em Luanda, promovido pelo “Movimento Cultural do Cunene” (MCC)
As visitas agendadas por esta organização, originária da região Sul do país, vão ser realizadas no Mausoléu Doutor António Agostinho Neto, União dos Escritores Angolanos, Museu de História Natural, CEFOJOR, Palácio de Ferro, Complexo das Escolas de Arte, para constatação do seu funcionamento.
O programa de actividades desta edição do projecto prevê a concretização de uma série de actividades artísticas, a começar no primeiro dia do evento, com o programa “Poesia na Casa”, em que se vai apresentar o poeta Zola Ramos.
No segundo dia, o plano prevê o encontro entre poetas, actores e cantores do Cunene e de Luanda, que vão partilhar o palco no anfiteatro Wyza, da Fundação Arte e Cultura, no espaço denominado “Noite de Poesia – Do Cunene a Luanda: recital de conexões”.
Outra actividade, a decorrer no dia seguinte, é o concerto artístico que vai resultar da parceria entre a MCC com a Atelier D’Artes Lucengomono. Nos dois últimos dias, os artistas vão trocar impressões com o escritor Lopito Feijó, em sua residência, numa tarde denominada Café Turístico.
Seguir-se-á o II Simpósio de Crítica Literária, com participação dos membros do MCC e do Movimento Litteragris, na União dos Escritores Angolanos, para o encerramento das actividades.
Sebastião Mateus, coordenador da presente edição, em conversa com este Jornal, disse que a iniciativa visa promover o fomento do turismo interno como imput de conhecimento, de lazer, de reencontro com a história, com acto de cidadania e, sobretudo, como meio de valorização dos sítios, monumentos históricos e os pontos turísticos do país. A primeira do projecto aconteceu no município do Curoca, em 2019.
No ano de 2022, foi realizada a 2.ª, em Ombadja, nesta província. O responsável contou que analisaram a realização desta edição em várias províncias, mas, no final, entenderam percorrer até Luanda por razões objectivas e subjectivas.
“O facto deixou motivado os participantes que viram a oportunidade de conhecerem a cidade capital do país, o que, para alguns, vai permitir uma confrontação entre o imaginário e o real.
Outrossim, acredita que os participantes estão cônscios das suas responsabilidades, enquanto jovens comprometidos com o progresso do país”, frisou.
Número de participações de artistas do Cunene
A presente edição do projecto, que vai ser realizado na capital do país, contou, até ao momento, com o apoio da empresa de Engenharia e Prestação de Serviços Kaulikalelwa e do Instituto Superior Rei Luhuna.
De igual modo, a contribuição de pessoas singulares e com entrega abnegada de seus membros. Sebastião Mateus avançou que receberam várias solicitações por parte dos artistas, mas que, devido aos custos de logística, até ao momento em que foram contactados pelo OPAÍS, ontem, apenas 15 confirmaram a sua vinda a Luanda.
Na esperança de ver maior participação dos artistas locais ao evento, convida as instituições públicas e privadas a abraçarem o projecto para maior robustez e melhor alcance.
“O processo envolve uma logística que ultrapassa as condições financeiras da organização. Daí que, a contribuição por participante não atende às possibilidades de todos que queiram participar.
Os pedidos de solicitação ultrapassaram as nossas expectativas que, infelizmente, não tivemos e não temos, até ao momento, como responder”, lamentou.
A iniciativa
O projecto surge como mecanismo de fomento do turismo interno. Também pelo facto de o MCC analisar existir uma relação cultural antropológica e social entre a cultura e o turismo. Inspirado na premissa do Dr. António Agostinho Neto, sobre o fomento do turismo interno, o responsável referiu que tem vindo a ganhar maior consistência por via do repto lançado pelo Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, no sentido de se conhecer, elevar, valorizar e dinamizar os pontos turísticos no país.
“A matriz filosófica do MCC valoriza as actividades voltadas à construção da consciência colectiva. O fomento do turismo interno, mesmo com as dificuldades que vivemos, e prova disto são as complicações enormes que nos deparamos para a materialização da presente edição, que acabam por ser um mecanismo de participação na vida cultural, antropológica e social do nosso país”, considerou.