Localizado no distrito da Estalagem, município de Viana, em Luanda, o projecto “Leitura ao Domicílio” quer se expandir para outras zonas da cidade capital com o objectivo de atrair centenas de crianças e ajudá-las a combater as várias limitações que apresentam em termos de ensino e aprendizagem, especialmente a carência de acesso ao sistema escolar.
Para o próximo ano, o projecto vai ganhar um espaço filial, a ser erguido no distrito Neves Bendinha, Kilamba Kiaxi, através do qual centenas de crianças poderão beneficiar-se das várias acções literárias, educativas e artísticas, que têm sido desenvolvidas no âmbito da jornada ‘S.O.S_Leitura ao Domicílio.
De acordo com o coordenador da ONG, Aniceto da Silveira, já estão a ser criadas as condições para, ainda no primeiro semestre de 2025, estarem concluídas as obras de requalificação do espaço que vai acolher a futura filial daquela organização literária, comunitária e educativa.
“Já tivemos um breve encontro com a senhora administradora que nos cedeu o espaço e até arranjou-nos uma empresa para cuidar da empreitada. A esta altura, já colocamos um contentor de quarenta pés e, provavelmente, até entre Junho e Agosto do próximo ano, já poderemos contar com uma biblioteca comunitária naquele distrito, com a nossa marca”, avançou o responsável.
Com o surgimento de uma filial, Aniceto acredita que o projecto vai ganhar mais visibilidade e poderá expandir o seu espaço de actuação, permitindo que mais pessoas, especialmente crianças, tenham acesso a livros, aulas de alfabetização e outras iniciativas que são desenvolvidas pelo projecto literário.
Aproximar as crianças aos livros
Uma das grandes prioridades do projecto, segundo o coordenador, é fazer com que haja cada vez mais uma aproximação entre as crianças e os livros, através de iniciativas e acções que visam fomentar o gosto pela leitura.
Aniceto ressaltou que, desde a essência, este tem sido o foco da biblioteca e do projecto em si, “despertar a paixão pelos livros e o hábito de leitura no seio das crianças”, além de combater o analfabetismo e a desigualdade no refere à oportunidade de aprendizagem no seio das crianças dos vários bairros e distritos da capital do país.
Ao fazer um balanço dos quatro anos de existência do projecto, o mesmo considerou positiva e destacou a melhoria na aceitação do projecto por parte quer das crianças como dos pais e encarregados de educação que actualmente olham para a iniciativa com olhos de esperança e confiança de um bom futuro para os seus filhos.
“Nos primeiros anos, os pais quase que não aceitavam que os meninos fossem à biblioteca e participassem das actividades, mas agora eles por si só tornaram-se activos e os pais já fazem um trabalho de sensibilização dos filhos no sentido de continuarem, alguns deles até nos ajudam em alguns trabalhos, tudo para encorajarem os filhos a não desistirem, e isso é de facto uma grande vitória para nós”, ressaltou.
Celebração dos quatro anos com alegria e entusiamo
No evento de celebração do quarto aniversário natalício do projecto, os pequeninos foram os protagonistas da festa, começando por proferir os discursos de boas-vindas e notas de agradecimento aos parceiros e voluntários que têm apoiado a iniciativa.
Pequenos concursos de leitura em voz alta, declamação de poesia, demonstração de pintura e escrita criativa, música, dança, jogos e várias brincadeiras fizeram parte do leque de actividades protagonizadas pelos pequenotes na tarde de sábado, na biblioteca comunitária ‘S.O.S Leitura ao Domicílio’, no distrito da Estalagem.
Participaram da festividade mais de 50 crianças e adolescentes, além de adultos convidados e jovens voluntários que têm habitualmente se disponibilizado a apoiar o projecto nas suas actividades de grande e médio porte.
Importa realçar que a biblioteca surgiu a 28 de Dezembro de 2020, por iniciativa de Aniceto da Silveira, jovem de 37 anos de idade, formado em direito, que decidiu transformar a sua própria residência, situada no bairro da Estalagem, zona do Km 12, em biblioteca comunitária para dar vida e sustentabilidade ao seu propósito que visava levar os livros ao encontro dos leitores.