Com a intenção de estimular e intensificar os hábitos de leitura entre os adolescentes e jovens nas escolas do município do Cazenga, o projecto “Arte no Pátio das Escolas” tem desenvolvido acções de palestras e partilha de livros em PDF nas diferentes escolas daquele município
Uma iniciativa que começou em 2019, em um quintal entre amigos, e depois migrou para um simples grupo do WhatsApp, onde partilhavam sugestões de livros para estimular a leitura entre amigos.
O mesmo foi ganhando espaço e notoriedade, tornando-se num projecto que, actualmente tem influenciado centenas de adolescentes e jovens a ganhar o hábito e paixão pelos livros.
À equipa de reportagem do jornal OPaís, Daniel Kiximbo, mentor do projecto, contou que na altura havia adolescentes que se mostravam interessados e juntavamse para partilhar livros nos telefones, via Bluetooth.
“Uma vez que aqui no nosso município há muita escassez de bibliotecas, achámos por bem irmos ao encontro destes jovens e partilharmos com eles livros, em PDF, e conversarmos um pouco sobre os benefícios da leitura”, adiantou.
Quanto à razão de serem em PDF em vez de livros físicos, Kiximbo adianta que, a prior, a falta de condições para a compra de livros físicos foi a principal razão de decidirem optar por obras em formato digital.
Por outro lado, o jovem, de 39 anos de idade, acrescenta que o propósito é ir ao encontro dos jovens e adolescentes nas suas zonas de conforto e proporcioná-los livros a partir dos locais onde estes mais se sentem confortáveis, com acessibilidade para o efeito, neste caso o mundo virtual.
“Uma vez que os jovens e adolescentes estão mais conectados ao mundo virtual, através das redes sociais, acreditamos que a melhor forma de chamar a atenção deles é levar os livros para as zonas deles de conforto”, justificou.
Questionado sobre como a migração dos grupos das redes sociais aos pátios das escolas, Daniel Kiximbo conta que tudo começou quando decidiram realizar uma palestra de incentivo à leitura em um colégio privado.
0s alunos da referida instituição mostraram-se interessados nas sugestões de livros e passaram a criar pequenos grupos de leituras, onde partilhavam as experiências de cada obra que liam.
A partir de lá, conta o mesmo, passou-se a realizar encontros de leituras, às Sextas-feiras e aos Sábados, onde, com os alunos, partilhavam livros e decorriam palestras de incentivo à leitura, acompanhado de tardes recreativas, com pequenos concursos literários.
Adesão dos alunos do Liceu Óscar Ribas
No sentido de conferir a veracidade do projecto, a nossa equipa de reportagem foi convidada a deslocar-se ao Liceu Óscar Ribas-n.º 303, no município do Cazenga, bairro da Cuca, onde pôde constatar de perto a adesão dos alunos ao ‘Artes no Pátio das Escolas’.
Estava uma manhã de Sábado e o relógio marcava 10 e 37 minutos, quando chegamos à escola e fomos recebido pelos estudantes, que infelizmente se encontravam em número reduzidos, e pelo mentor do projecto.
Elizeu Pires, secretário-geral da associação dos estudantes do Liceu, avançou sobre o desenvolvimento do projecto naquela instituição e destacou os benefícios do hábito de leitura no processo de assimilação dos alunos. “Este projecto tem sido benéfico para nós, estudantes do Liceu.
Muitos de nós não temos materiais escolares por falta de possibilidade em adquirir, com este projecto temos conseguido ter alguns livros ligados a nossa área de formação e também obras literárias que estimulem a nossa mente a assimilar com maior eficiência”, disse o estudante de 20 anos de idade.
Em relação à adesão dos estudantes ao projecto, Elizeu lamenta a fraca participação dos seus colegas e apela os mesmos a aderirem à iniciativa, sublinhando as vantagens que a leitura proporciona aos descentes.
Para o si, cultivar o hábito de leitura abre a mente do aluno e facilita-lhe no processo de aprendizagem e assimilação dos conteúdos transmitidos pelos professores.
“Para os colegas que não gostam de participar de iniciativas deste tipo, aconselho-os a aderirem, a ganharem o hábito de leitura porque os livros abrem a nossa mente e nos tornam pessoas cada vez mais intelectuais e equilibradas”, apelou o jovem, terminando por recitar célebre frase “quem lê um livro nunca mais é a mesma pessoa”.
Por sua vez, Sílvia Madalena Kissengo, adolescente de 15 anos, estudante da 10ªclasse do curso de Ciências Exactas, disse que ama a leitura e vê no projecto uma excelente oportunidade para aumentar a sua paixão pelos livros.
A mesma salienta que o facto de serem livros digitais torna-se um desafio novo para ela, uma pessoa que está mais habituada a ler livros físicos.
“Geralmente eu prefiro ler livros físicos em vez de PDF, mas como gosto de ler estou ansiosa para abraçar este desafio e poder desfrutar de obras digitais, principalmente os livros de romance que já me foram enviados”, entusiasmou-se a estudante.
Quem também deixou o seu contributo foi Cristiano Paulino, estudante do Instituto Técnico Privado de Saúde “Estrela da Beira”, uma das instituições onde o projecto também tem sido desenvolvido.
O estudante destacou também os benefícios da leitura no seio dos alunos e acrescentou que prefere livros digitais em vez de físico por ser alguém muito apegado ao telemóvel e às redes sociais.
“Visto que ultimamente nós os adolescentes somos mais ligados aos telemóveis por causa das redes sociais, sou de opinião que os livros em PDF são sempre melhores do que físicos.
Assim eu consigo ter vários livros e ler a qualquer momento sem precisar de carregar peso ou uma pasta coloca-los”, afirmou.
Por: Bernardo Pires