A mostra com o título “Nossa Língua Portuguesa” será organizada em parceria estreita com o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (II LP), órgão da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), responsável pela gestão conjunta do idioma compartilhado
POR: Augusto Nunes
O projecto foi lançado ontem em conferência de imprensa, pelo embaixador do Brasil em Luanda, Paulino Franco de Carvalho e terá início em Julho, em Cabo Verde e Angola, de onde seguirá para Moçambique, em Agosto. A mostra terá várias facetas principais: a linha do tempo, com espaços de leitura e uma vasta gama de obras de autores de todos os países falantes da língua portuguesa e tablets com aplicações interactivas. Segue-se a Linha do Tempo com a presença do idioma na história e no mundo, sobretudo no Brasil e em Angola, a Praça da Língua, com espaços sinestésicos e projecções sincronizadas que oferecerão ao público uma experiência inédita, a colecta de falares onde o público poderá gravar dos seus depoimentos sobre temas sugeridos para o acervo permanente do Museu, em São Paulo, entre outras atracções.
Já os módulos da exposição em relação a Angola, concentrar-se-á em quatro facetas, que incluem a linha do tempo com a evolução da língua portuguesa desde a sua origem, inscrição na pedra de Ielala, feita pelos navegadores portugueses, em 1486; A Carta do Rei do Congo, Mbemba A Nzinga (Dom Afonso), ao Papa, escrita em 1500, Dicionários de Línguas Nacionais-Português, Bíblias em Línguas Nacionais e Provérbios de cada uma das línguas nacionais angolanas. Seguir-se-á o Espaço Leitura com a “Trilogia de Contos LUUANDA”, de Luandino Vieira, “O Pano Preto da Velha Mabunda”, de Jacinto de Lemos, “Sagrada Esperança”, de Agostinho Neto e Poemas, de Viriato da Cruz. Já o Clube do Livro dedicado às crianças estará concentrado na narração de estórias e oficinas de livros, onde os petizes farão uma pequena história a partir de uma provocação e montam um livro, com escrita e ilustrações ou apenas ilustrações (uma sessão a cada 15 dias).
Varanda de Leitura
Estará aberta ao público, com participação espontânea sobre livros pré-determinados, na qual os interessados farão a leitura de trechos de narrativas e recitarão poemas dos livros expostos. Já a Feira do livro a realizar-se aos Sábados, estará localizada no espaço aberto frontal do CCBA, para exposição e venda de publicações das editoras que publicam em Angola. Recitais de poesia e trova.Espaço contemplará Poesia Ilustrada por VAN, artista plástico angolano. O artista compôs uma obra pictográfica que intitulou “Formas e cores em Sagrada Esperança”. O conjunto é uma homenagem ao primeiro Presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto, tendo o pintor traduzido em obras de arte nas modalidades de desenho. Na sua intervenção, o diplomata brasileiro Paulino Franco de Carvalho, destacou a promoção da língua portuguesa como um dos importantes eixos de actuação da diplomacia brasileira.
Referiu que o Brasil tem contribuído para a difusão do idioma português, na sua variante brasileira, por meio da manutenção de uma extensa rede de centros culturais no exterior, dos quais o Centro Cultural Brasil–Angola, um dos mais belos e significativos exemplos. O embaixador realçou que, estes centros culturais tem oferecido o ensino da língua portuguesa a preços simbólicos e uma série de actividades gratuitas de promoção da cultura brasileira nas suas mais variadas vertentes, como a literatura, a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro, entre outras. Paulino Franco de Carvalho admitiu, que neste momento em que o Brasil ocupa a presidência “pro tempore” da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, fez questão de reiterar a prioridade conferida pelo Brasil aos países da CPLP, durante a Reunião do Conselho de Ministros da Comunidade, realizada em Julho do ano transacto, em Brasília. Recordou que o Museu de Língua Portuguesa, instalado num edifício pré-símbolo da Cidade de São Paulo, a metrópole com o maior número de falantes de português no mundo, foi o primeiro totalmente dedicado a um idioma.
Reconhecido internacionalmente pelo seu conteúdo dinâmico e inovador, recebeu 4 milhões de visitantes em aproximadamente 10 anos de funcionamento. Já a diretora do Centro Cultural Brasil-Angola Nídia Klein destacou o pioneirismo da referida exposição, realçando a importância do trabalho em parceria com os profissionais brasileiros e angolanos, para que a exposição seja um sucesso para o público. Duas empresas angolanas também estiveram presentes na assinatura dos contratos de prestação de serviços, na área de produção e de restauração. Trata-se da Ingresso Prático, representada por Carlos Baptista e a Esplanada Grill, por Guilherme Bastos. A exposição contará com a curadoria do músico, compositor e ensaísta brasileiro, José Miguel Wisnik, professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo e do anfitrião, José Luís Mendonça, escritor, jornalista, formado em Direito pela Universidade Católica de Angola.
A colecção
A exposição tem como objectivo trazer para Luanda parte do acervo do Museu de Língua Portuguesa e receber contribuições locais que servirão para enriquecer o seu conteúdo, permitindo uma representação cada vez mais completa da diversidade e da riqueza da língua portuguesa, reforçando os laços culturais e os seus falantes.