“Escrever para lembrar o rei Mandume ya Ndemufayo” é a denominação do Prémio Literário, que vai na sua terceira edição, cujos vencedores serão conhecidos em cerimónia pública a realizar-se a 6 de Fevereiro, em Ondjiva
Segundo o gabinete da Cultura, Turismo e Juventude e Desporto do GPC, adstrito ao Governo Provincial, da província do Cunene, a data foi escolhida em alusão à celebração dos 107 anos da morte do soberano do Cunene, a fim de manter vivo o seu legado e cimentar nas memórias da nova geração os feitos desse “destemido monarca”.
Além de homenagear e perpetuar o legado do soberano dos Ovakwanhamas, segundo Nelson Ndelimukuata, em declarações à Angop, o Prémio visa ainda incentivar a criação literária através de textos em língua portuguesa nos géneros de poesia, conto e artigos de opinião.
Com este concurso pretendese, igualmente, dignificar e valorizar a figura do rei Mandume, através da elevação da sua vida e obra, pensamento político, organização do seu reino e luta de resistência à ocupação colonial, acrescentou.
O responsável referiu que os concorrentes devem entregar os seus textos nas administrações municipais e nos gabinetes da Cultura, para serem avaliados pelo corpo de jurados.
O período de recepção das obras de candidatura, iniciado a 20 de Dezembro passado, termina a 20 de Janeiro corrente.
A última edição do galardão lançado, em 2022, foi ganha por Belgines Dias, na categoria de poesia, Yolanda Ndamonamwene (conto) e Timóteo Kon Djeni (artigo de opinião).
Legado histórico de Mandume
Pertencente ao reino mais poderoso da tribo Ambós, o rei Mandume–ya-Ndemufayo comandou os destinos do povo Kwanhama num dos períodos mais difíceis da História da região Sul, de 1911 a 1917.
Nascido em 1892, na localidade de Embulunganga, município do Cuanhama, filho de Ndemufayo e de Ndapona, Mandume, o 18º soberano da tribo Kwanhama, subiu ao trono aos 19 anos.
Reza a História que Mandume
Defendeu a população durante o seu reinado e suicidou-se a 6 de Fevereiro de 1917, na povoação de Oihole, município de Namacunde. No local foi construído um monumento turístico e cultural, onde se encontra o túmulo do rei, inaugurado em 2002, pelo então Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, na presença do ex-Chefe de Estado namibiano, Sam Nujoma.
O povo Ambó (Sul de Angola e Norte da Namíbia) recorda, anualmente, a morte do rei Mandume-ya-Ndemufayo, destacado líder da resistência contra a ocupação colonial portuguesa na região Sul de Angola, que preferiu matar-se a render-se.