Depois de terem conhecimento do acréscimo no valor de premiação no Carnaval de Luanda, de 3 milhões de kwanzas para 5 milhões para o vencedor da classe A, de um milhão e 500 mil para 2 milhões da classe B e um milhão para 2 milhões na classe C, os membros dos grupos consideram ainda o valor irrisório
Apesar desta iniciativa por parte do Ministério da Cultura e Turismo, os carnavalescos apelam para que seja actualizado o valor de 30 mil dólares, que no câmbio actual equivale a 15 a 16 mil hões de kwanzas, conforme ocorria no passado, para maior dignidade dos grupos.
O comandante do União Recreativo do Kilamba, Poly Rocha, vencedor desta edição do evento, na classe A, disse que este valor ainda não se equipara com o que os grupos gastam para poderem estar bem representados na Marginal de Luanda.
“Sinceramente, não estou satisfeito, por ainda achar isso, diante dos trabalhos que os grupos têm feito, o sacrifício que têm feito para estar no dia dos desfiles em condições, acho isso ainda uma migalha”, considerou.
Nesta edição em que os conjuntos tiveram que envidar esforços titânicos para poderem participar no evento, faz um rescaldo positivo de força, dedicação e muita coragem por parte dos grupos que muito têm feito mas, conforme disse, não são valorizados.
Defende que nos dias de hoje ninguém trabalha por amor à camisola, mas o facto acontece no Carnaval.
“Não somos valorizados não só pela própria estrutura do Carnaval, como também pela estrutura geral do país, começando por cima até ao último escalão.
Carnaval é Cultura, é festa, folia, hábitos e costumes, uma forma de trabalhar e devem fazê-lo convictos que no final saiam renumerados em condições, felizes”, alertou.
Divide a mesma opinião o membro do União Nova Versão do Mar da classe B, Efraim Ezequiel, que aconselha que o mesmo seja revisto, para corresponder com os gastos feitos na preparação dos conjuntos.
Este grupo, fundado no ano de 2000, já foi vencedor de uma das edições do Carnaval, nesta classe. Efraim disse que o valor recebido, na altura, serviu para o pagamento de algumas dívidas contraídas durante a preparação do grupo. Sem deixar de realizar uma festa, com vista a animar os foliões.
“Mesmo com este valor, que é apenas para o grupo vencedor da classe A, nem dá para nos prepararmos em condições, porque gastamos mais. Só a questão da alegoria dá muito trabalho, devido aos custos”, aferiu.
Por sua vez Sebastião António, do União Giza, lembrou sobre o caso de grupos que contraíram dívidas para poderem participar nesta edição do evento, que terão dificuldades para liquidar.
Cultura disponibiliza 24 milhões para os prémios
Sobre o assunto em questão, o presidente da APROCAL, Tany Narciso, explicou que o Ministério da Cultura e Turismo recebe 250 milhões de kwanzas para todo o país, que distribui, equitativamente, 5 milhões a todas as províncias.
Um valor que considera irrisório para este evento, tido como a maior manifestação cultural do país.
“Portanto, Luanda recebe 5 milhões de kwanzas para fazer o Carnaval. Falo como sociedade civil, não como Governo.
Por isso, estou do lado dos grupos.
Vamos é pressionar e apoiar, no sentido de este prémio subir.
E pode subir, desde que outras variantes sejam tidas em conta”, perspectivou.
O responsável avançou que o valor total para premiação dos grupos carnavalescos em Luanda é de 24 milhões de kwanzas.
Enalteceu o facto de, pela primeira vez, no evento ser premiado até o 5.º lugar de cada classe. “Ao todo são 24 milhões de kwanzas.
Por isso, é no cômputo geral que nós devemos analisar, de acordo com o orçamento disponibilizado para os prémios.
Portanto, pela primeira vez vamos premiar até ao 5º lugar, nunca aconteceu, além de termos aumentado o valor”, disse.
Explicou que os espectáculos apresentados, com os grupos carnavalescos, obedece a gastos elevados por parte dos conjuntos.
Portanto, observa que não se pode reduzir aquilo que eles recebem, já que os gastos são maiores.
“Uma alegoria daquela não custa menos de 2 milhões de kwanzas.
Então, é isso que temos que ver: até que ponto tem que haver o tal paternalismo ou apoio do Governo, mas acho que sim, tendo em conta as circunstâncias que vivemos”, observou.
NA LUNDA-SUL: Txako Txethu do Luarivence em adultos
No município de Saurimo, o grupo carnavalesco Txaku Txethu sagrou-se vencedor na classe adulta, com 592 pontos, e merecerá o prémio no valor de um milhão de kwanzas.
O responsável do grupo, Fernando Ezequiel, disse que a vitória é fruto de muita dedicação e prometeu continuar a trabalhar para melhorar as falhas apresentadas.
Explicou que para convencer o corpo de jurado apresentou três tipos de dança, durante o desfile: tchianda, txissela e macopo, com uma mensagem de incentivo às crianças para conhecerem a cultura cokwe.
Para o representante do segundo classificado, Mwanguêz, Telela da Silva reconheceu que o grupo falhou em alguns aspectos, tendo prometido melhorar para sagrar-se vencedor nas próximas edições do Entrudo.
Nesta sequência, nos lugares cimeiros, classificaram-se os grupos Mwanguêz (575 pontos) em segundo lugar e terceiro, Ulengo do município do Dala (527).
A organização premiou o segundo classificado (800 mil kwanzas) e o terceiro (600 mil kwanzas), respectivamente.
NO CUNENE: Grupo Beta Ngó conquista o quinto título
Em Ondjiva, no município do Cuanhama, o grupo carnavalesco Beta Ngó conquistou o seu 15.º título, ao vencer na categoria de adulto, com 497 pontos.
Receberá, como primeiro, um milhão e 500 mil kwanzas, conquistando igualmente os prémios de melhor raínha, com 150 mil kwanzas, e de melhor comandante, com 90 mil kwanzas.
O regresso à galeria de vencedor, depois de cinco edições sucessivas sem vencer, o Beta Ngó é o campeão do entrudo na província do Cunene, com 15 títulos conquistados, em 27 participações.
Em segundo lugar ficou o grupo Símbolo da Paz, com 454,54 pontos, e tem direito ao prémio de 900 mil kwanzas, e na terceira posição, com 376,5 pontos, ficou o grupo Vermelho, com o prémio de 600 mil kwanzas.
Já na categoria infantil, em que desfilaram sete grupos, conquistou o título o grupo Símbolo da Paz do município do Cuanhama, com 147 pontos, e recebe o prémio de 900 mil kwanzas.
Para o segundo e terceiro classificados foram eleitos os grupos Beta Ngó e Vermelho, com 146 e 134 pontos, e os prémios de 600 mil e 400 mil kwanzas, respectivamente.
A vencedora da melhor raínha em infantil foi do grupo Beta Ngó, com 90 mil kwanzas, e melhor comandante do Símbolo da Paz, que levou o prémio de 70 mil kwanzas.