Trata-se da mais importante peregrinação daquela denominação religiosa que visa celebrar a Teofania de Simão Toco, ou seja, o encontro, segundo a igreja, do fundador, profeta Simão Gonçalves Toco com Deus, ocorrido em Catete, no ano de 1935, sucedido que culminou com a fundação da respectiva igreja, a 25 de Julho de 1949, pelo próprio Simão Gonçalves Toco.
Desde então, a igreja tem realizado esta actividade em honra à memória daquele que é considerado o guia espiritual e pai da fé dos tocoístas, designação atribuída aos fiéis e crentes desta denominação religiosa. Estas peregrinações têm servido de um considerável vector para o fomento do turismo naquela região mais a leste de Luanda, uma vez que tem movimentado centenas de fiéis provenientes das 18 províncias do país e do exterior.
Neste ano, a igreja, liderada por Don Afonso Nunes, vai celebrar o 89º aniversário da Teofania, de 17 a 21 de Abril, sendo que a esta altura decorrem os preparativos para o evento decorra com a maior organização e tranquilidade possível, como avançou a este Jornal, um dos responsáveis do departamento de educação cristã, pastor Simão Gonçalves João.
Segundo aquele responsável, a actividade deverá contar com peregrinos vindos de todas as províncias do país e de outros países como Namíbia, República Democrática do Congo (RDC), Congo Brazzaville, Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul, Portugal, Cuba, Estados Unidos da América, Brasil e outros.
Manutenção dos locais turísticos
Tendo em vista a centena de milhares de pessoas que poderão acorrer aquela região para participar da peregrinação, a par dos aspectos religiosos, estão também a ser criadas as condições para a manutenção das atracções turísticas. Neste quesito, segundo Simão Gonçalves João, várias equipas de trabalho foram criadas para garantir a limpeza e manutenção dos locais turísticos daquela região.
Locais como rios, zonas verdes, monumentos históricos, zonas de manifestação cultural, gastronomia, hotelaria e hospedagem estão a ser intervencionadas com serviços de limpeza, recolha de resíduos, pinturas decorativas/re-decorações, capinagem e outras acções que visam dar um visual cativante e acolhedor a quem irá visitar aquela zona durante a peregrinação.
Estes trabalhos, explicou o responsável, estão a ser desenvolvidos num esforço conjunto entre a comissão técnica da igreja e a administração municipal de Icolo e Bengo, supervisionados pelo Governo Provincial de Luanda (GPL). “Todos os anos nós temos tido esta dinâmica de trabalhar, com o governo local, no sentido de garantir todas as condições necessárias para que a actividade se realize com a maior tranquilidade e organização possível. Por isso, temos equipas de avanço que a esta altura estão a fazer a limpeza do espaço com o apoio da administração local, sobretudo para proporcionar aos nossos peregrinos um ambiente acolhedor”, frisou
Peregrinação à Ntaya
Um dos eventos que também tem mobilizado centenas de fiéis tocoístas é a peregrinação à terra onde foi sepultado o fundador da igreja, aldeia de Ntaya, na província do Uíge. Segundo pastor Simão Gonçalves João, anualmente, entre os meses de Janeiro e Fevereiro, a igreja realiza uma visita, em forma de peregrinação, à província onde nasceu e morreu Simão Toco, em especial na localidade onde foi enterrado, em Taya. Esta actividade, segundo explica, “não tem a mesma dimensão que a teofania, mas é de carácter importante e tem mobilizado um número considerável de pessoas que podem rondar entre 200 a 400 fieis”.
O mesmo explicou que a peregrinação é realizada no âmbito das celebrações do nascimento de Simão Toco (a 24 de Fevereiro de 1918), que geralmente leva entre 3 a cinco dias, na localidade de Sadi-Zulumongo, aldeia de Ntaya, na Maquela do Zombo. Nesta peregrinação, além de orações e cultos de agradecimento, os fiéis realizam também campanhas de limpeza na pequena catedral onde se encontra sepultado o seu guia espiritual, seguindo-se ainda algumas acções sociais e filantrópicas. Aproveita-se a ocasião para conhecer alguns lugares históricos daquela região, fazendo um pequeno turismo através visita aos rios, casas históricas e lugares com alguma relevância histórico-cultural
Locais Turísticos de Catete
Para quem visita a Vila de Catete quer seja pela primeira vez ou não, tem a primazia de conhecer alguns locais históricos e paisagens naturais propícios para uma rotina turísticas. Tão logo se esteja a aproximar-se da Vila de Catete, principal centro urbano daquela região, a pequenas distâncias, as águas do Rio Kwanza (maior rio de Angola) dão às boas-vindas aos visitantes, mostrando-se como a maior atracção turística da zona.
Actividades de pesca artesanal, passeios de chatas rudimentares, obras de artesanatos e alguns artefactos fazem parte das diversas atracções que ladeiam aquele gigantesco rio que “rasga” geograficamente o país do centro ao litoral. Um outro local que pode despertar a curiosidade de quem visita Catete é a histórica aldeia de Caxicane, local onde nasceu o primeiro presidente da República e fundador da nação, António Agostinho Neto. É uma aldeia que, além de ver nascer o fundador da nação, guarda consigo também as suas vivências de infância, assim como a residência onde habitou a família de Neto, e alguns vestígios da era colonial.
Centro Cultural Agostinho Neto, Catete
Um dos locais de maior referência turística e cultural de Catete é, sem sombra de dúvida, o Centro Cultural Dr. António Agostinho Neto, uma instituição de carácter sociocultural e científico onde podem ser encontrados documentos, objectos e artefactos sobre a história do fundador da nação, assim como relíquias culturais do povo daquela região de Icolo e Bengo de natureza não lucrativa. Inaugurado em 2009, pelo então presidente da República, José Eduardo dos Santos, é um local que serve também de espaço para os grandes eventos culturais daquela zona.