Depois de terem exibido três produções da Geração 80, o documentário “Para lá dos meus passos”, de Kamy Lara, encerra o ciclo, às 21 horas, no Cinema Fernando Lopes (Universidade Lusófona, Lisboa), resultante do convite do projecto Alvalade Cineclube em Portugal
O filme, que preenche o ciclo denominado “Luanda Chama”, é da realizadora Kamy Lara, com a produção e co-realização de Paula Agostinho, e foi lançado em 2019.
Após a sua exibição, conforme ocorreu com os demais trabalhos já apresentados, Paula Agostinho manterá uma conversa com os presentes, via online, para melhor compreensão do documentário por parte do público.
Desde o princípio do mês, às quintas-feiras, foi exibido o filme “Nossa Senhora da Loja Chinês”, de Ery Claver, que deu início às sessões.
As exibições prosseguiram com o filme “Ar Condicionado”, de Fradique, e o documentário “Independência”.
O director criativo da Geração 80, Ngoi Salucombo, avançou em conversa com este jornal que o Cineclube escolheu os filmes para exibição, tendo depois os contactados para o devido procedimento com a denominação “Luanda Chama”.
“A intenção era de fazer uma sessão de exibição nossas, da Geração 80, em que eles chamaram de Luanda Chama. Temos os nossos filmes disponíveis em sites e foram eles que fizeram a curadoria.
Os filmes são todos produzidos pela Geração 80, mas com realizadores diferentes ”, disse Ngoi Salucombo.
Quanto às conversas tidas depois das exibições, avançou que têm correspondido com as expectativas, com maior destaque ao documentário “Independência”.
O público que muito apreciou os trabalhos já apresentados, a par de questionarem sobre a produção dos mesmos, perguntou sobre o facto de não serem exibidos noutras ocasiões neste país.
Ngoi Salucombo reconhece que este convite tenha servido para divulgar ainda mais as produções da Geração 80, assim como elevar do nome de Angola.
“Os nossos filmes que estavam em exibição correram bem.
Estava para ficar duas semanas, mas acabou por ser um mês. Não temos um feedback concreto, mas estamos satisfeitos com o convite”, enalteceu.
Os filmes
O documentário “Para lá dos meus passos” usa o espectáculo como ponto de partida para acompanhar a reflexão dos bailarinos sobre os temas explorados ao longo da peça:
as suas origens, as suas tradições, a perda de identidade e a construção de uma nova, imposta pelo tempo e pela mudança de uma zona rural para uma Luanda urbana.
Durante a montagem do espetáculo (Des) Construção da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, cinco bailarinos exploram os conceitos de tradição, cultura, memória, identidade, questionando a transformação e a desconstrução destes temas nas suas próprias vidas.
Lançado em 2019, eleito como o melhor documentário na categoria de Competição Nacional do DOCLuanda, galardoado internacionalmente como melhor documentário no San Francisco Dance Film Festival (Estados Unidos de America), melhor documentário no Arquicteturas Film Festival Lisboa (Portugal), 3ª Prémio Adiaha no Encounters Doc Festival (África do Sul), melhor realizadora, melhor fotografia e melhor som no Brazil International Monthly Independent Film Festival (Brasil).
O filme “Nossa Senhora da Loja Chinês”, de Ery Claver,é um conto urbano que revelará uma família e uma fachada de cidade cheia de ressentimento, ganância e tragédia.
O intitulado “Ar Condicionado”, de Fradique, premiado pela crítica, conta uma jornada de mistério e realidade, uma crítica sobre classes sociais e como vivemos em conjunto nas esperanças verticais, no coração de uma cidade que é passado-presente-futuro.
Já o “Independência” é um filme que retrata parte de memórias da situação colonial em Angola, revelando os passos iniciais da luta de libertação e percorre alguns dos seus principais cenários.
Também esteve em cartaz.