A peça, baseada no romance “Os Passos Decisivos da Rainha Njinga”, do escritor e jornalista John Bella, vai espelhar 80% do conteúdo do livro que narra o percurso da soberana do Reino do Ndongo e da Matamba, que desafiou o colonialismo português e se tornou num ícone da resistência africana.
O referido romance, que serviu de instrumento de trabalho a este conjunto teatral, retrata também a sua capacidade de negociação com os portugueses para a instauração da paz no Reino do Ndongo, o litígio com o seu irmão Ngola Mbandi devido à ganância pelo poder, os confrontos pelo trono, amores e dessabores, as suas grandes dores até à ascensão ao trono. Em conversa com um dos responsáveis do grupo, este avançou a este jornal que os personagens vão invocar o nascimento de Njinga até chegar ao poder, a sua inteligência, resiliência e capacidade de guerrilha com o objectivo de contribuir no resgate da nossa identidade.
“Pretendemos com esta exibição contribuir no resgate dos hábitos do nosso povo, com factos ocorridos naquela época. Por isso, o motivo por detrás da escolha da data é para glorificar os nossos antepassados neste dia tão especial e remeter-nos a uma reflexão da vida dos nossos ancestrais com o objectivo de projectar o futuro do nosso país”, perspectivou. A peça vai contar com a encenação de 23 actores: a actriz Rosa Marta vai ser a Rainha Njinga Mbandi, enquanto o actor Fernando Mailoge o Ngola Mbandi.
O Governador de Luanda, Fernão de Sousa, naquela época, é interpretado pelo actor Edy Matias, e o Kasa Kangola que foi o companheiro da Rainha Njinga Mbandi e braço direito de Ngola Mbandi, por José Gabriel. De acordo com a nossa fonte, a data escolhida para a exibição da peça, 25 de Maio, que visa ainda celebrar a efeméride, é de carácter especial e comemorativo para todos os africanos, por trazer consigo inúmeras memórias
Contexto da efeméride
O continente africano ou «berço da humanidade» é considerado a «terra do futuro» pelos recursos naturais e pela população jovem que possui. Em face disso, década a década, desde os anos 50 do século XX, África e União Europeia têm vindo a realizar cimeiras para estreitar laços e fortalecer a cooperação. Tem sido assim, igualmente, com a China, Rússia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. O primeiro Congresso dos Estados Africanos Independentes realizou-se em Acra, no Gana, a 15 de Abril de 1958.
O evento criou a base para as reuniões subsequentes de Chefes de Estado e de governos africanos, na era do Grupo de Casablanca e do Grupo de Monróvia, até à formação da OUA em 1963. Porém, em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana e a celebração, rebaptizada como Dia de África, continuou a ser comemorada a 25 de Maio, por respeito à criação da OUA.
A efeméride sugere uma reflexão séria sobre o rumo do continente sem deixar de parte a sua história, num momento em que continua a enfrentar problemas no plano da implementação de políticas públicas, que deviam constituir a chave-mestra para a resolução de problemas nos domínios da saúde, educação, segurança social, electrificação, industrialização e tecnologia. Longe da concretização dos objectivos das políticas públicas, os jovens africanos continuam a ser a grande fatia da vaga de emigrações que cresce, cada vez mais, tal como a fuga de cérebros.