Desta vez, excepecionalmente, não foram dois, mas três espectáculos ocorridos entre Quinta, Sexta-feira e Sábado, no quadro da II estação da quinta temporada, do projecto mensal Show do Mês, promovido pela Nova Energia
Texto de: Jorge Fernandes
O artista, para muitos dispensa apresentações. Paulo Flores “Ti Paulito” ou filho do Cabé, era o artista convidado de mais uma edição do Show do Mês, protagonizando três concertos memoráveis, diferentes dos habituais, devido ao esgotamento dos ingressos em menos de 24 horas para os dois concertos, pelo que a organização foi “forçada” a realizar um concerto antes, destinado aos patrocinadores, parceiros e amigos do projecto. Feitos os esclarecimentos, lá chega o homem da noite, pontuais como já é marca desta organização de eventos.
Sala cheia, público escaldante para um show à dimensão do artista que celebra 30 anos de carreira, juntamente com os seus instrumentistas, executores e maestros dos acordes musicais para uma vez mais levar a emoção da música através do Semba tradicional e moderno, assim como para a festa da Kizomba na voz de Paulo Flores.
Começava a registar-se mais um momento épico, contagiante, vibrante e, sobretudo, dançante, com temas que marcaram três décadas da sua trajectória artística e despontaram em vários temas, levando os espectadores a emocionarem- se, a relembrar épocas passadas, mas que continuam marcadas através das várias vicissitudes cantadas nos poemas de Paulo Flores, que de uma outra forma contagia quem aí o ouvir cantar.
Repertório versátil Muito animado e diferente das outras apresentações fez-se ao palco, mais solto e rebuscando toques dançantes, arrancando da plateia rasgados sorrisos ao mesmo tempo que os convidava a dançar igualmente.
E lá depois da saudação, a primeira “queta”, leve ainda, foi o “Semba da Bênção e da Consolação”. E a festa foi subindo de compasso e lá se ouviram “Coração far-rapo”, “Kunanga de amor”, “Cabelos brancos”, “Clarice”, “Como vai Mana Chiquita”, “Dinheiro não chega”, “Festão”, “Baju”.
Em dueto com Aline Frazão cantaram “Semba prelúdio”, “Nzagi” e “O país em que nasceu meu pai”. Ao som da guitarra da Guiné- Bissau, Manecas Costa executou e cantou “Si bu sta dianti na luta terra” de José Carlos Shwarz. “Mandela” e “Chamo-me menino”, um tema antigo com o qual participou no top dos cinco em 1985.
Paulo Flores regressou ao palco para cantar ainda mais outras, como “Minha velha”, “Canta meu Semba”, “Poema do Semba”. Do alinhamento ainda constaram “Boda”, “Cherry”, “Garina”, “Processos da banda”, “Inocenti”, “O povo”, “Makalakato”, fechando com “Batucada do desaturado.
Público
Os espectadores saíam do local com várias lembranças do concerto que parecia não ter hora de terminar, pois até ao momento foi o mais longo das cinco temporadas, tendo chegado quase perto da meia noite e ainda assim não queria parar.
Assim se manifestaram na reportagem de OPAÍS alguns espectadores, como Juridice Carvalho, que parabenizou o artista e a organização, tendo ressaltado que Paulo Flores é poeta dos nossos tempos, que desde os idos dos anos 80 andou a profetizar por via das suas canções. “Há músicas que além de serem dançantes, nos levam à reflexão e o Paulo é ousado nesse sentido.
As suas letras são profundas e muitas das nossas nostalgias e desesperos são retratados nas suas músicas e tal como ele fez questão de dizer, faz a música e nos transforma”, rematou.
Próxima estação Mito Gaspar é próxima voz a juntar- se a este projecto, nos dias 27 e 28 de Abril, onde também são aguardados, ainda no decurso deste ano, nomes como de Bonga, Waldemar Bastos, Matias Damásio e muitos outros artistas.