O Papa Francisco lançou ontem, terça-feira, a sua primeira autobiografia na qual classifica uma eventual renúncia ao papado como uma “hipótese distante”, que só ocorreria devido a “grave impedimento físico”
Na obra “Vida: A minha história através da História”, escrita em colaboração com o jornalista italiano Fabio Marchese Ragona, o Papa admite que, quando esteve hospitalizado no Vaticano, alguns estavam “mais interessados em política, em campanha eleitoral, quase pensando num novo conclave”.
Neste livro, lançado em dezenas de países e que chega a Portugal em Abril, Francisco sublinha que o papado é um trabalho para toda a vida, mas que, “se ocorrer um impedimento físico grave”, já redigiu uma carta de demissão que está guardada na Secretaria de Estado.
Francisco volta a defender a sua decisão de permitir que casais do mesmo sexo ou em união de facto sejam abençoados.
O Santo Padre, que comemorou na quarta-feira 11 anos de pontificado, reitera a condenação ao aborto e ao recurso a barrigas de aluguer. “Devemos sempre defender a vida humana, desde a concepção até à morte.
Não me cansarei de dizer que o aborto é um homicídio, um acto criminoso, não há outras palavras: significa descartar, eliminar uma vida humana que não tem culpa.
É uma derrota para quem o pratica e para quem se torna cúmplice: assassinos de aluguer, pistoleiros! Chega de abortos, por favor!”, condena o Sumo Pontífice.
Sobre os seus tempos de juventude e vida pessoal, Francisco conta que teve uma namorada e que se apaixonou por uma jovem quando estava no seminário, mas o chamamento de Deus acabou por ser mais forte.
O Papa fala também sobre outra das suas paixões, o futebol, mas diz que não assiste a jogos da Argentina na televisão desde 1990, porque há coisas que um sacerdote não deve ver.
“Enquanto os irmãos e eu assistíamos televisão na sala de recreação, foram transmitidas algumas cenas não muito delicadas, para dizer o mínimo, algo que certamente não fazia bem ao coração.
Nada de arriscado, pelo amor de Deus, mas assim que voltei para a sala disse para mim mesmo: ‘‘Um padre não pode olhar para essas coisas’’.
E assim, no dia seguinte, na missa da festa de Nossa Senhora do Carmo, fiz um voto de não ver mais televisão!”, contou Francisco.