Ondjelwa (Festa da Chuva) é um documentário que narra os procedimentos de um ritual realizado pelos povos do Sul do país, concretamente da comuna do Jau, município da Chibia, província da Huíla, e tem o seu lançamento condicionado por falta de apoios financeiros
A falta de apoios financeiros está a condicionar o lançamento do documentário Ondjelwa (Festa da Chuva), de Óscar Gil, deu a conhecer o produtor, em entrevista ao jornal OPAIS. Ondjelwa narra os procedimentos de um ritual realizado pelos povos do Sul do país, concretamente da comuna do Jau, município da Chibia, província da Huíla.
Também conhecido como “o cortejo do boi sagrado” ou “o cortejo esbranquiçado”, trata-se de um ritual em que os povos realizam uma peregrinação de cerca de 60 dias em busca de forças sobrenaturais para suplicar que caia chuva em tempo de seca.
Segundo Óscar Gil, neste ritual os povos pintam os rostos com cinzas e tintas feitas de barro, dando um aspecto mascarado para facilitar a comunicação com os seus antepassados e os espíritos.
Sem avançar muitos detalhes sobre o documentário, Óscar Gil adianta que já está a trabalhar na captação das imagens e depoimentos, mas aponta a falta de apoios financeiros como elemento que está a condicionar o andamento do processo todo, dado os elevados custos que a produção deste tipo de documentário acarrecta.
“Estamos na pós-produção, mas em processo muito lento por falta de apoios.
Já recorremos a algumas empresas e instituições, mas até ao momento não temos nenhum feedback”, lamentou. Para Óscar Gil, a produção de cinema não é uma arte de pouco custo.
Há, frisou, gastos muito elevados e que, neste momento, a sua produção não dispõe, pelo que carece da intervenção de outras instituições.
“Cinema não é uma arte de pouco custo. Uma simples voz custa dinheiro.
É preciso cobrir muitas despesas, pagar alojamento, deslocação, alimentação, equipamentos e outros custos”, destacou.
Modo de vida precário
Por outro lado, o realizador mostrou-se também preocupado com o estado de vida precária daquelas comunidades que habitam na região em que está a ser produzido o documento, fortemente afectada pela seca.
“Estivemos lá e já registamos alguns momentos. Mas estamos preocupados com a falta de apoio e atenção que aflige aqueles povos”, lamentou o realizador, tendo acrescentado ainda que “fomos encontrar o rei do Jau a viver numa indigência.
Uma condição de vida sem dignidade para um rei com grande valor cultural e histórico”.
A essência
O documentário, explicou o cineasta, tem por objectivo trazer à tona aquele ritual que terá sido proveniente dos povos do Norte de África, sobretudo do Egipto, mas que tem tendência de desaparecer entre os povos da Huíla, face às dificuldades que atravessam e agravada com as constantes secas.
”Queremos é fazer um paralelismo entre o ancestral e a nossa juventude que hoje tem outra visão. Um casamento entre o novo e velho, buscando a valorização da essência cultural”, disse.