Embora marginalizado, por ser um estilo das multidões e ter nascido nos guetos, o Kuduro é das artes que rende avultadas somas, com os artistas de sucesso a arre- cadarem entre 50 mil e 2milhões e 500 mil kwanzas por cada show, retirando muitos artistas da pobreza. Ao OPAIS, fazedores do estilo descortinam o facturamento e mostram as conquistas alcançadas por via do género musical criado por Tony Amado
Foi por via do Kuduro, anteriormente um estilo discriminado e marginalizado, que hoje Pai Diesel transformou-se numa das figuras mais respeita- das e com posses financeiras. O Kuduro, que era, inicialmente, uma simples diversão, na disputa por Viana com o falecido cantor Maquina do Inferno, hoje resultou num negócio que com ele gerou outros projectos que, para além de si, sustenta dezenas de famílias.
Para além de um conjunto de bens materiais, o artista conseguiu, por via do Kuduro, criar a sua empresa produtora e promotora de espectaculos, Caso Micha. Com a firma, o kudurista move o município de Viana com a realização de centenas de eventos que geram centenas de postos de trabalho para muitos jovens. Pai Diesel não tem, actualmente, uma música a tocar, mas a visibilidade que o Kuduro lhe deu faz com que esteja na lista dos mais requisitados do mercado no que ao estilo diz respeito, embora o seu cachet não tenha sido revelado.
Ao jornal OPAIS, Pai Diesel não aceitou falar da sua trajectória, apesar de várias insistências e chamadas telefónicas não atendi- das. Mas um dos seus agentes, que consigo trabalha, afirmou que, hoje, o músico é das figuras mais seguidas no estilo com um facturamento que o permite viver dignamente. Assim como Pai Diesel, centenas são os jovens que encontraram no Kuduro a forma rápida para alcançar a fama e a estabilidade financeira.
A partir de pequenos estúdios, sem grandes tecnologias, estes jovens gravam músicas que tocam nos seus bairros, municípios, alcançam Luanda e o resto do país. Saem dos mais pobres e temidos bairros de Luanda para o estrela- to através do Kuduro e, com orgulho, exibem o resultado do talento que faz dançar multidões e facturam altos cachets que ascende dos 50 mil aos 2milhões e 500 mil kwanzas por cada show. Dos artistas que não têm receio de mostrar o seu poder financeiro adquirido com o Kuduro, criado por Tony Amado, perfilam Scró Q Cuia, Da Beleza, Jéssica Pitbul, Samara Panamera, Flor de Raiz, Rei Loy e Preto Show.
Este último, que iniciou a sua carreira no grupo The Groove, não tem receio de, regularmente, mostrar as suas conquistas materiais entre casas, carros, viagens, roupas e outros bens pagos com o rendimento do Kuduro. Em declarações ao jornal OPAIS, Preto Show mostra-se à vontade ao apresentar a sua tabela de facturação que, mensalmente, ascende aos milhões de kwanzas.
Conforme referiu, o preço para a sua contratação varia entre os 800 mil e os 2 milhões e 500 mil kwanzas por cada actividade, dependendo do tipo de evento. Entretanto, para um espectáculo à dimensão de um festival, o artista cobra o valor de 2 milhões e 500 mil kwanzas por cada actuação. Já para casamentos o valor ascende de 1 milhão a 1milhão e 500 mil. Para festas de aniversário o pagamento para a contratação do artista oscila entre os 700 e os 800 mil.
USD 10 mil fora de Angola
Além do mercado nacional, Preto Show é, igualmente, bastante consumido no espaço da Comunidade de Língua Portuguesas (CPLP). Moçambique, Cabo-Ver- de, São Tomé e Principe, Guiné- Bissau e Portugal constam entre os palcos onde o artista tem feito espectáculos com regularidade. Para esses mercados, Preto Show cobra, por cada apresentação, o equivalente a USD 10 mil. “Não tem como não viver disso, quando a cena que estamos a fazer funciona normalmente. Hoje já temos muitos a viverem disso, coisa que era impossível anterior- mente”, notou.