Os grupos carnavalescos do município do Cazenga, União Estrela do Povo, Infância da Universidade e União Kazola do Ritmo (Kambambinza) pretendem voltar a desfilar no Carnaval de Luanda, por altura dos desfiles carnavalescos.
POR: Antónia Gonçalo
A informação foi veiculada ao OPAÍS pelos responsáveis dos grupos, nomeadamente, José Joaquim, João Sebastião e Joana Gonçalves, que lamentaram a falta de apoios para o feito. Segundo o presidente do grupo União Estrela do Povo, José Joaquim, o grupo deixou de desfilar no carnaval de Luanda há quatro anos, devido à falta de apoios. O também comandante disse que pretendia voltar a desfilar este ano na marginal, porém a falta de apoios continua a condicionar o regresso do grupo composto por 120 foliões. Avançou que para além do apoio da Associação do Carnaval de Luanda (APROCAL), contava também com o da administração do Cazenga.
“Eu, como presidente, também apoiava o grupo financeiramente, mas desde 2014 as coisas mudaram, e os apoios que recebíamos não cobriam as despesas necessárias”, desabafou. Apesar deste obstáculo, José Joaquim não desiste do sonho de ver o seu grupo a desfilar novamente no Carnaval de Luanda, como acontecia desde 1982, quando em 2000 arrebatou o 2º lugar. O responsável lamentou o facto de outros grupos do município, como União Tonessa e o Kambambinza deixarem de participar no carnaval por limitação de recursos e falta de apoios.
Quanto aos integrantes do grupo, realçou que têm reunido frequentemente com a intenção de reactivá-lo. Deplorou o facto de a administração, em 2016, ter fundado um novo grupo carnavalesco, O Imbondeiro do Cazenga, que no ano passado participou no desfile central e este ano não participará. “Nos perguntamos, porquê isso, ao invés de apoiar os grupos antigos? Ficamos sem saber o que fazer, porque vontade não nos falta, mas falta dinheiro”, enfatizou.
União Kazolas do Ritmo
O presidente do grupo União Kazolas do Ritmo (vulgo Kambambinza), João Sebastião, referiu que o grupo deixou de desfilar em 1987, devido ao passamento físico do seu responsável. “Esse foi o principal motivo da nossa retirada do carnaval de Luanda, porque era ele que apoiava financeiramente. Sem esse apoio era impossível continuarmos”, referiu o responsável. João Sebastião salientou que na década de 90, depois de algumas conversas com os integrantes, decidiram reactivá-lo, mas a falta de apoios dificultou todo o processo. Disse ainda que o facto de o município ser um dos mais populosos da capital, devia ser também o mais activo na festa popular da cidade. Quanto à questão dos apoios, salientou que não os solicitou à administração local, pelo facto de os grupos que o fizeram não terem tido êxitos.
“Para um administrador que sabe que no município há grupos que saíram do activo, ele devia preocupar-se em saber o porquê dessa situação”, lamentou. O responsável do grupo fundado em 1964, com mais de 200 foliões, avançou que têm em carteira uma peça que sobre o 4 de Fevereiro, com que pretende marcar o regresso do grupo, caso consiga apoios. Quando ao Kambambinza revelou que o mesmo nome deveu-se ao facto de um membro do grupo, o batuqueiro, que se chamava Kambambinza, estar detido, e por isso o grupo não poderia participar no Carnaval, entretanto, no mesmo dia foi libertado, e puderam assim participar na festa. Lembrou-se ainda de uma situação ocorrida numa das antigas edições do carnaval, concretamente quando o grupo classificou- se em segundo lugar, mas em virtude da presença de um grupo com o mesmo nome (Kambambinza), o prémio foi atribuído ao quarto classificado.
Grupo União Infância da Universidade
A rainha do grupo União, Joana Domingos Gonçalves, disse ao OPAÍS que o grupo desfilou duas vezes na marginal de Luanda, nos anos 80, e não mais voltou por falta de apoios. Ao contrário de outros grupos, referiu que não há condições para voltarem a desfilar na maior festa popular, porém gostaria que os mais jovens levantassem o grupo. “Foram poucas as vezes que desfilamos no Carnaval da Vitória, o que fazíamos com euforia. Hoje, a maior parte dos membros encontram-se aposentados”, revelou. Realçou que o grupo realizava o carnaval de rua a nível do município, onde conseguia valores monetários para a compra da indumentária. Avançou que “Naquele tempo, a direcção cultural dava-nos todas as vestes. Agora as coisas estão mais complicadas, porque o valor que dá aos grupos não cobre 50% das despesas”. A ex-dançarina do grupo fundado em 1979, composto por mais de 60 almas lamentou o facto de actualmente não ser realizado o carnaval de rua, para onde levavam a euforia até aquelas pessoas que não conseguiam chegar à marginal de Luanda.