Depois de ter apresentado o ano passado, no Espaço Luanda Arte (ELA), resultante de uma residência artística, onde se encontrara, a mostra “Convocatória, Chicala Forver”, de Nelo Teixeira, regressa à ribalta nesta Sexta-feira, 6, a partir das 18 horas, no memorial António Agostinho Neto
POR: Jorge Fernandes
A mesma fica patente até ao próximo dia 2 de Maio, com 20 quadros de pintura sobre serigrafia, o livro “Protótico” e um vídeo que retrata as memórias do autor, que viu o seu bairro crescer e depois o viu ser destruído. Em declarações a este jornal, Nelo Teixeira disse que aquando da primeira apresentação apenas mostrou serigrafias e desta vez vai apresentar pintura sobre serigrafia, mas mantendo a mesma história, a do bairro da Chicala, na Ilha do Cabo, onde nascera a sua paixão pela pintura. Por outro lado, ressaltou estar bastante expectante com a apresentação de mais um trabalho, em que convida as pessoas a reflectirem sobre a transformação do bairro da Chicala, maioritariamente de pescadores e “forçados” a abandonar o seu modo de vida para uma realidade completamente diferente, concretamente no Zango.
Crítica
O crítico Jomo Fortunato descreve a obra como um processo de reconstituição emotiva e intelectual da memória, em que Nelo Teixeira reutiliza e consagra em arte, um conjunto de objectos de proveniência inusitada. “Imagens inéditas e gráficas surreais, de importância aparentemente secundária e residual, conferindo ao dispensável um estatuto de valorização artística, inequivocamente indispensável à compreensão da sua profunda e apaixonada visão do mundo”, escreve Jomo Fortunato.
O artista
Nelo Teixeira nasceu na cidade Mbanza Kongo, província do Zaire, elevada a 8 de Julho de 2017 pela UNESCO a Património Mundial da Humanidade. Estudou pintura e escultura nos workshops promovidos pela União dos Artistas Plásticos Angolanos (UNAP). É também formado em carpintaria e cenografia, tendo participado em diversos filmes e peças teatrais. Desde 2000 tem exposto regularmente, como na segunda edição do JAANGO Nacional, no Museu Nacional de História Natural de Luanda, no Projecto Ponte Cultural Angola – Israel, nas exposições colectivas Sobumba e Arte 100 Fronteiras, ambas em Angola. Participou ainda na componente Reciclarte, no projecto Orgulho em ser Angolano e no leilão da Bonham’s de Arte Africana, Londres – Reino Unido. Mais recentemente participou na exposição colectiva de artistas plásticos angolanos “Artes Mirabilis”, que hoje encerra em Portugal, foi promovida pela embaixada de Angola em Portugal e pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e contou com o apoio do Ministério da Cultura de Angola.