Flay e Fedy são os músicos homenageados da I edição do projecto mensal “Muzongué das Homenagens”, numa promoção da produtora de eventos Buleana
POR: Jorge Fernandes
Curiosamente, nascidos na província de Benguela “Acácias Rubras”, os músicos vão esta noite ser homenageados a partir das 18 horas no Centro Cultural Roseira, em Cacuaco, pelo contributo em prol do desenvolvimento e promoção da música angolana no período pós-Independência. De acordo com a organização, este é o primeiro passo de um ciclo de homenagens que vão passar a ocorrer mensalmente, em que os homenageados deverão ser profissionais de vários ofícios, mas sobretudo vocacionados para a área cultural.
Os primeiros homenageados foram escolhidos pela organização de forma aleatória, pelo reconhecimento do trabalho que têm vindo a desenvolver desde o início das suas carreiras, os altos e baixos que têm enfrentado, mas mantendo-se firmes na vanguarda da promoção da música nacional. Por esses feitos, ligados a acções de produção, promoção e divulgação da cultura nacional através da música, foram escolhidos para uma singela homenagem que esta produtora passa a fazer mensalmente na cidade de Luanda. Entretanto, a expectativa por parte da organização é bastante alta, pelo que espera contar com casa cheia em vésperas de um feriado, que marca, para comunidade cristã (católica), a paixão e morte de Jesus Cristo.
Outros atractivos
Os músicos deverão receber da organização um certificado de mérito, além de uma escultura em madeira com o desenho de um símbolo musical, representando o trabalho feito por via das cadências e notas musicais nas pautas. Por outro lado, os homenageados vão revisitar alguns temas de maior sucesso da suas respectivas autorias, em que realçamos “Namoro de brincadeira”, “Kalupeteca”, “Catumbela meu berço” e “É doçura”, de Fedy e Flay. O encontro contará ainda com as participações e animações especiais dos músicos Mona Nicastro, Mestre Danguy, Mi-Anderson e As Felinas, além de outras surpresas.
Os homenageados
De nome próprio Joaquim Lopes da Silva Neto “Flay” nasceu no Lobito (Benguela) e desde muito cedo ganhou gosto pelas artes. Aos 11 anos de idade fez parte de um grupo de alunos escolhidos para participar em actividades teatrais, dança, declamação e futebol 11. Aos 14 anos adoptou o pseudónimo de Flay, diminutivo do seu nome de casa, Flávio, pseudónimo este que se tornou no seu nome artístico, hoje uma referência no music hall nacional e estrangeiro há mais de 25 anos. Depois de ter participado e ganhado em vários concursos, assim como passado por outros agrupamentos, publicou, entre outros, os álbuns “Doçura e Loucura”, “Catumbela Meu Berço”, “Lições da Vida”, “Desabafo”, “Sempre Firme” e o Cd e Dvd-“Flay 20 anos”.
Fedy
“Fedy” é conhecido artisticamente, mas está registado oficialmente como Alfredo Domingos Agostinho, tendo nascido no município da Catumbela, em Benguela. Aos 11 anos de idade decidiu aprender a tocar guitarra, mas as condições sociais não lhe permitiram dar sequência, pelo que foi forçado a desistir. Apesar de se ter destacado na música, teve passagem pela representação cénica como integrante do grupo de teatro “Experimental África Têxtil 1º de Maio”, ao participar da peça “A Praga”, decorria o ano 1981.
A convite de Josué Campos e Moisés Kafala entrou para o mundo da música e não mais saiu, por se ter destacado pela forma rápida como memorizava as canções. De lá para cá foi conciliando a arte musical com a de técnico de informática e telecomunicações, destacado em Kapanda, inicialmente pela Odebrecth e depois pelo Gamek. A sua estreia discográfica deu-se em 1994, quando editou e publicou o álbum “Cacimbada” pela ENDIPU. Tempos depois voltou à ribalta com “Ombembwa” (2001), “Kalupeteca” (2002), “Tchikuelume – Namoro de brincadeira” (2005), “É o Próprio” (2003), “Resultado Justo” (2008) e “Ohali” (2014).