O músico e compositor Gabriel Tchiema manifestou-se consternado com o passamento físico do líder do agrupamento musical Sassa Tchokwe Internacional, ocorrido neste domingo, no Hospital Geral da Lunda-Su
O artista afirmou que Rei da Costa constitui uma fonte de inspiração para várias gerações, realçando que muitas danças em via de extinção foram trazidas com o seu trabalho, com destaque para a tchyanda, kassekumuna e kandoa.
Em declarações à Angop, fez saber que a simplicidade de compor e transformar os contos em músicas educativas faz do malogrado um ícone da identidade cultural.
“A sua partida empobrece-nos numa altura em que somos quase asfixiados por culturas de outros povos”, desabafou. Santos Católica, músico, disse que o Rei da Costa foi um artista completo que impulsionou o estilo folclórico no mundo.
No seu ponto de vista, é graças a ele e ao conjunto que representava que muitas danças ganharam proporções jamais vistas. Lembra dos vários momentos que actuou com o malogrado, tal como no programa “Live no Cubico”, uma realização da TPA.
Músicos como Mbimbi Chow, Cigano Weza, Litinho Catita e outros também se mostraram consternados com a morte do Rei da Costa.
Com o agrupamento Sassa Tchokwe, o Rei da Costa produziu obras como “Lunda A Sokoloke”, “Garimpeiro”, “Soni Mandvunbu”, “Txisela”, “Sinergia”, “Muno Ukalu Kuyuka”, “Celestino Kahona”, “David Txifumani”, “Kufua Txa Muat Yav” e “Palancas Negras”, esta última dedicada à Selecção Nacional de futebol sénior masculino.
Separado desde 1999 do agrupamento musical Sassa Tchokwe Internacional, gravou uma dezena de álbuns, sendo o último intitulado “Chance Jami”, em 2020, que retrata a sua vida e os momentos vividos após amputação da perna direita na República Democrática do Congo em 2018.
A sua mais recente obra discográfica, intitulada “Khosso Lia Buaza”, foi lançada em 2021. Ilunga Mabanza da Costa nasceu no município do Cuilo (LundaNorte) a 02 de Dezembro de 1956.
Começou a dar os passos na música com nove anos de idade, num grupo coral da igreja protestante, tendo-se com a família refugiando na RDC, onde aprendeu o canto e instrumentos.
Por seu turno, o músico Domingos Mutambi enalteceu a figura do artista, por tudo que fez para elevar a música e a dança folclórica Cokwe a nível nacional e internacional.
Já o músico Lemba Katchokwe refere que perdeu um amigo, pai, irmão, colega de profissão, que serviu de fonte de inspiração para vários artistas locais, deixando um vazio incomensurável na classe artística.
O escritor Bula Mbungue disse que Rei da Costa foi uma pessoa amiga, que deu um grande contributo para o processo de promoção, divulgação, valorização e preservação da cultura angolana através da música, daí que seu nome deverá constar na história do país.
Governo rende homenagem ao artista
O Governo da Lunda-Sul considerou, em Saurimo, o artista Rei da Costa como um ícone e precursor da música Cokwe, cujo legado deve ser preservado.
Numa nota de condolências assinada pelo governador, Daniel Neto refere que a cultura Cokwe perdeu um grande artista e compositor que, nas suas canções, sabia moralizar, educar e transmitir valores éticos e morais ao povo.
Por outro lado, afirmou que Rei da Costa teve um papel fundamental na divulgação, preservação e valorização da música tradicional da região Leste e o seu falecimento empobrece a cultura Cokwe.
“Perdemos um músico que teve um papel fundamental no resgate, valorização, promoção e divulgação da história, hábitos e costumes dos Cokwe e seus aparentados”, lê -se na nota de condolências do Governo.
O Governo Provincial da Lunda-Norte apela aos músicos da nova geração a seguirem as pegadas do Rei da Costa, com vista à preservação, divulgação e valorização da cultura Cokwe.