Está patente desde Segunda-feira, 11, no Museu Nacional de Antropologia (MNA), na baixa de Luanda, até 11 de Janeiro de 2018, a peça museológica “Mufuka”, no âmbito do projecto de rotatividade do seu acervo.
POR: Antónia Gonçalo
Segundo o antropólogo e director deste museu, Álvaro Jorge, trata-se de uma espécie de enxota-moscas ou abano, designado como cabo de caudas e apresentam uma figura antropomórfica, feita de madeira (representando um soba), ligada com latão à cauda de animal de grande porte (búfalo). A mesma possui um peso simbólico ajustado aos valores, que devem caracterizar o chefe tradicional: “força, bravura e valentia”, explica.
Segundo o responsável, Mufuka é uma peça simbólica que pertence ao grupo etnolinguístico Ambundu e representa o poder tradicional. “O chefe é sagrado. Por isso, à volta de uma entidade tradicional e não só, nada de impuro (rancores, ódios, inveja e bruxarias) pode estar em contacto com o seu corpo”, explica o especialista. Segundo a fonte, os males e infortúnios na sua comunidade são afastados pelo chefe tradicional com a “Mufuka” que manuseia com destreza, tanto na posição sentada como em marcha.
Utilidade
Para Álvaro Jorge, esta peça funciona como um verdadeiro poderoso amuleto repulsivo. Pode afastar uma grande tempestade, as nuvens do aguaceiro, as balas e armas de arremeço. Uma chicotada da “Mufuka” fulmina uma pessoa. Também pode atrair boa sorte a pessoas e até aos objectos. “Brandi-la no ar, de acordo com a imploração do seu possuidor, pode abrir um espaço puro e isento de perigos numa zona carregada de forças mágicas agressivas”, conta.
Esta peça é tida também como uma tremenda arma de defesa e ataque, quando manejada pelo chefe, seu utente. É uma verdadeira insígnia de autoridade, na medida em que apenas o soba é detentor do seu uso. “Mufuka” tem a função de manter a inviolabilidade da pessoa do chefe tradicional e tudo quanto diz respeito ao cargo que ele exerce. Trata-se de uma peça mágica, acrescenta o especialista.
Peça do mês
Refira-se que este projecto tem como objectivo divulgar as peças existentes no museu, bem como propagar à sociedade a sua importância como património cultural e nacional, função social, discrição, origem e cativar os cidadãos a visitarem o espaço.
Desde o arranque do projecto em Agosto de 2016, foram expostas mais de 10 peças, tendo começado com a “Pedra de Hiroshima”, seguindo-se as peças “Lilweka”, “Luena”, “O Pensador” (Kuku Kalamba), “Ndemba”, “Kiela”, “Kikondi”, “Mulondo” e “Cihongo” (Txihongo), “Kijinga”, Heholo” e “Mintadi”.