Está patente no Museu Nacional de Antropologia, desde o dia 7 do mês em curso, a peça “Mabela”, com o objectivo de dar continuidade ao projecto denominado “A peça do mês”.
POR: Antónia Gonçalo
A “Mabela” é um tecido de ráfia predominantemente de cor amarela e castanha que tem a função de vestuário e, noutros casos, pode-se usar como esteira. Cada limite do pano deixa uma franja (remate numa peça de tecido, com fios tirados horizontalmente, ficando os outros pendentes). Para a realização deste trabalho o tecelão coloca uma barra de separação e um alisador que, simultaneamente, serve de faca para reduzir o volume de pressão. Para decorar as fibras de ráfia com as cores mais correntes da época (amarela e castanha), as mesmas são colocadas dentro de um recipiente contendo várias misturas preparadas à base de plantas.
O tecelão encerra a sua actividade antes do pôr-do- sol. A tecelagem é comercializada pela sua qualidade e beleza na execução e decoração das fibras de ráfia extraídas da palmeira. Segundo o director do museu, Álvaro Jorge, no passado, a “Mabela” serviu como moeda de pagamento, introduzida pelos portugueses e produzida em grandes quantidades para o comércio europeu, substituindo, assim, a serrapilheira.
Região
Alguns sub-grupos Kongo, como os Bayombe e Bansonso, destacam- se no domínio de negócios deste utensilio, que constitui uma actividade importante na vida sócio- económica desta população. Outros se especializam em tecelagem de ráfia, cujo tecido exposto designa-se “Mabela ou “Nzola”. Consta que a tecelagem de ráfia é um trabalho essencialmente masculino e transmitido hereditariamente desde a infância e no qual é excluída a presença feminina. Este trabalho é executado sobre um tear vertical dentro de um quadro de madeira, a partir do qual os fios são estacados verticalmente, fazendo mola sobre os fios em pares pousando-os um por um.
Peça do mês
O projecto tem como objectivo divulgar as peças existentes no museu, bem como propagar na sociedade a sua importância como património cultural e nacional, função social, discrição, origem e cativar os cidadãos a visitarem o espaço. Desde o arranque do projecto em Agosto de 2016 foram expostas mais de 10 peças, tendo começado com a “Pedra de Hiroshima”, “Lilweka”, “Luena”, “O Pensador” (Kuku Kalamba), “Ndemba”, “Kiela”, “Kikondi”, “Mulondo” e “Cihongo” (Txihongo), “Kijinga”, Heholo”, “Mintadi, Mufuka e o “Mondo”.