Tem 20 anos, nasceu num campo de refugiados e é a primeira modelo de hijab na capa da Vogue britânica. A Bíblia da Moda quer definir novas fronteiras para 2018 e banir estereótipos na moda
Porque é que interessa falar sobre uma modelo usando um hijab na capa da Vogue? A pergunta é feita pelo jornal britânico The Guardian e reflecte uma tomada de posição. A mais recente edição da Vogue britânica, Maio de 2018, tem na capa a expressão “Novas Fronteiras”.
Ao contrário do que o título possa, no imediato sugerir, não está em causa uma alusão a disputas intergalácticas no universo da ficção científica, mas sim uma conversa sobre diversidade. Na capa estão nove modelos e apenas três são caucasianas.
À sua volta estão mulheres de culturas, raças e etnias distintas, curvas que fogem aos padrões impostos e ainda uma modelo com hijab na cabeça. Esta é a primeira vez na história que a Vogue britânica coloca uma modelo de hijab na capa, um feito que levou mais de um século a acontecer.
A modelo em causa é Halima Aden, de 20 anos, que nasceu num campo de refugiados no Quénia. Segundo o artigo publicado no The Guardian, foram precisos 50 anos para que a Vogue britânica colocasse uma modelo negra na capa.
Aconteceu em 2004, com Naomi Campbell, e só voltou a acontecer em 2014. No mesmo artigo, lê-se que, desde que foi fundada, em 1916, a revista apenas teve editores caucasianos. Uma situação que mudou recentemente com a chegada de Edward Enninful, cuja primeira capa trouxe modelos de etnias diferentes e ainda a activista feminista Adwoa Aboah para as bancas.
A capa de Maio de 2018 resultou de uma sessão fotográfica que ficou a cargo de Craig Mc- Dean, e foi realizada durante dois dias num loft em Manhattan, Nova Iorque.