A colecção “Oceanos de Plásticos” do pintor luso-angolano-canadiano, Miguel Barros, volta a fazer eco no circuito expositivo internacional e, desta vez, na Faculdade de Bow Valley, no Canadá. A mostra, que será inaugurada a 15 deste mês, naquela instituição de ensino superior, reúne quadros pintados a óleo sobre material de ‘emergency blankets’, usados para proteger vítimas em situações de urgência e acidentes.
São obras que espelham a gravidade nas profundezas e superfícies dos oceanos, como resultado da poluição que se transformou num véu mortal, cobrindo as águas e os fundos mais abissais dos mares, com plásticos, borracha, metal, venenos tóxicos e todo o tipo de lixo que são criados para a confortável vida contemporânea dos seres humanos, segundo apurou o jornal OPAÍS.
A colecção é exibida num grande painel de 10 metros de comprimento e três metros de altura, tendo como suporte técnico de pintura, “cobertores de emergência” de tom ouro e prata, usados em acidentes e situações trágicas para cobrir e proteger pessoas vítimas e mantê-las aquecidas e seguras.
Barros Miguel, o autor da exposição, em conversa com o OPAÍS, disse tratar-se de um projecto que funciona como um catalisador para criar consciência sobre a sustentabilidade das águas dos oceanos do planeta, envolvendo a preocupação da coexistência e salvaguarda de todas as espécies e seus habitats.
Explicou que se tem esforçado por comunicar a urgência de clareza neste assunto, que é o que nos levará a ver clareza e pureza novamente na água, no mar, nos oceanos! Miguel realçou que todas as pinturas e colagens nesses cobertores de emergência de plástico reciclado laminado, após processo de laminação, o plástico chapeado é pintado novamente a óleo camada por camada, criando essa ideia sobre pedaços de plástico imaginando corais, recifes, areia, mar profundo, e outros aspectos.
O artista salientou, que criou esta pintura para se lembrar e não para se esquecer da beleza que existe nesses ambientes e da necessidade e responsabilidade que todos temos, de agir para cuidar deles. Miguel Barros disse que esta sua peça representa um dos diversos cenários da sua me mória sobre os mares, os oceanos que visitou e mergulhou, sentindo uma imensa liberdade de nadar e envolver-se pela mais sublime cor do planeta visto à distância, em azul.
“Utilizando o princípio de reciclar, reusar e reduzir desperdício de materiais que eventualmente poderiam ser depositados em lixeiras ou despejados nos oceanos, eu utilizo sempre tudo o que me sobra de pinturas, telas, tecidos, plásticos, papeis, guardo em caixas e servem-me sempre como soluções para projectos futuros onde reaproveito tudo”, justificou o artista.
Ainda neste mês, dedicado ao planeta terra, o ciclo expositivo de Miguel Barros, além-fronteiras, desdobra-se em debates sobre o papel do artista, no combate à poluição de plásticos nos oceanos e outros temas a ele associados.