Sob o lema “Promovendo práticas sustentáveis”, a expo contou com a presença massiva de dezenas de obras de arte resultantes da transformação de materiais reciclados em bens de utilidade artística e decorativa.
Objectos como garrafas de plástico e de vidro, sacos de plástico, latas de zinco ou metal, chapas, arames farpados, bases de mesa de contraplacado, panelas e tampas de alumínio, entre outros, encontravam-se visíveis em obras expostas nalgumas tendas logo à entrada da feira.
Entre as exposições artísticas com maior visibilidade na expo, destacava-se a presença de uma standard, sob chancelaria conjunta da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) e do ResliArte Angola, que congregava mais de 20 obras de diferentes artistas, produzidas à base de materiais reciclados.
Visivelmente chamativa, a standard congregava mais de 20 obras diversas, das áreas de pintura, artesanato, desenhos criativos e designs, assim como quadros resultantes de mistura de diferentes artes ilustrativas, como desenho, grafite e o artesanato.
De acordo com o responsável da standard, Danick Bumba, a exposição resultou de um trabalho conjunto entre diferentes artistas com o propósito de publicitar o trabalho dos mesmos e, sobretudo, mostrar a sociedade o importante contributo que a arte tem dado no que diz respeito à preservação do meio ambiente através do reaproveitamento de materiais recicláveis.
“A ideia é enaltecer o artista, mostrar à sociedade que com a criatividade é possível transformarmos os objectos que aparentemente são lixos em obras de arte”, disse o curador.
Pintura e artes decorativas
No centro das atenções estavam também os quadros de pintura criativa feitos em cartolinas e cestos à base de jornais e revistas velhos.
Da junção de garrafas plásticas e de vidros, papéis de higiene e guardanapos coloridos, cartolinas, jornais e outros objectos, fixados com cola quente, resultam várias obras de arte com utilidade doméstica e decorativa, como mostrou Engrácia dos Santos, uma das expositoras.
Entusiasmada pela quantidade de pessoas que visitavam a sua bancada, a jovem, de 27 anos, explicou que os seus artigos artísticos são resultados do reaproveitamento de objectos anteriormente considerados lixo, mas que ganharam outra denominação após a aplicação da técnica de arte decorativa.
“Temos diversos materiais feitos com jornais velhos, garrafas de vidro, plástico, tecido velho, pedaço de mosaicos, azulejos e outros objectos.
Todos eles foram retirados do lixo e demos outro tratamento, e hoje estão aqui a ser apreciados para quem estiver interessado em comprar”, disse a mesma.
Fomentar a economia ecológica
Além de promover a cultura de preservação do meio ambiente, a expo visa também fomentar a economia ecológica a nível nacional, congregando empresas que apresentem projectos de solução para a reciclagem, tratamento e consequentemente a dinamização do sector económico ecológico, de acordo com a ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho.
“Já temos um segmento grande de empresas no país a apostarem não apenas na reciclagem, mas também na valorização e reutilização dos resíduos, que é bastante importante para que não tenhamos estes resíduos espalhados inapropriadamente nos nossos mares, nas zonas urbanas e não só.
Assim, podemos constatar que cada um destes resíduos tem o seu reaproveitamento”, disse a ministra, em declarações à imprensa, no primeiro dia da Expo (sábado).
A governante assegurou que o Executivo, através de uma equipa multissectorial, continua a evidenciar esforços no sentido de ver melhorado o índice de reaproveitamento dos resíduos sólidos que a esta altura rondam em torno dos 10% a nível nacional, dada a quantidade que é produzida em média anual.
Disse ainda que se mantém as atenções especiais voltadas aos fenómenos resultantes das alterações climáticas, como a seca, que vem afectando, de forma muito acentuada, os povos da região sul e centro-sul do país.
Recorde-se que a Expo Recicla é um evento de realização anual sob responsabilidade da Agência Nacional de Resíduos, e nesta, que foi a terceira edição, contou com a parceria da Administração Municipal de Luanda, que acolheu o evento na sua jurisdição. A feira decorreu de 29 a 30 de Junho, no distrito da Ilha do Cabo, no Passeio dos artistas.