O docente da Faculdade de Artes, afincado no Departamento de Teatro referiu que esta reflexão nasce como fruto das pesquisas realizadas enquanto acadêmicos e profissionais na actividade teatral no país.
Referiu que, ao longo de sua trajectória, no campo da encenação teatral e da jornada acadêmica em escolas de artes, percebeu, dia após dia, que a construção imagética — “soldar, desenhar, ‘alfaiatar’ palavras com gestos, sentimentos e emoções para resultar em imagens” — nos espectáculos de muitos grupos teatrais no país, frequentemente segue métodos improvisados ou empíricos, baseados no fazer pelo fazer.
“Essa abordagem, por sua vez, compromete a qualidade estética e artística do produto espectacular, que é consumido de forma desordenada dentro do mosaico cultural.
A ausência massiva de formações e a troca limitada de experiências entre profissionais experientes e iniciantes afectam directamente as decisões criativas, restringindo o desenvolvimento da inteligência criativa na produção e realização artística”, sublinhou.
A par desta situação, o docente frisou que a carência de mestres dedicados à transmissão de conhecimentos sobre o teatro angolano contribui para a baixa qualidade técnica percebida no sector.
Assim, considera urgente fomentar o diálogo e traçar discussões que possam gerar soluções concretas para o aprimoramento qualitativo das produções teatrais. Pinto Nsimba referiu que, o objectivo junto à classe artística e aos amantes da cultura teatral angolana é de apresentar métodos e técnicas artístico-pedagógicas que possam servir como exemplo para lapidar o entendimento que transita do texto dramático à cenografia.
“Com base em nossa experiência profissional, entendemos que esse processo exige a integração dos sentidos e a concretização de intuições que se conectem à alma comovida, guiada por uma dinâmica espiritual que rege as energias e os níveis de sensibilidade imagética”, aferiu.
Avançou que, neste contexto, o objectivo de comunicar e/ou entreter o público deve ser alcançado com impacto, aproximando a intenção temática da compreensão geral do espectáculo.
“Acreditamos que, ao reflectir cuidadosamente sobre os procedimentos já utilizados — ainda que de forma intuitiva —, será possível estabelecer um modelo mais saudável de interpretação e escrita cenográfica nos espectáculos teatrais em Angola”, perspectivou.
Pinto Nsimba nasceu no Uíge em 1989, é mestre em Ensino das Literaturas em Língua Portuguesa, no ISCED, em Luanda; licenciado em Teatro, na especialidade de Direcção Teatral, no Instituto Nacional Superior de Artes (INA), Kinshasa. É director, encenador do Affro Theatro desde 2019; director artístico do Prémio de Teatro de Duplas, Cena Livre; vencedor de várias distinções no Circuito Internacional de teatro, entre outros.