Estudantes, professores de Literatura Tradicional Angolana, pesquisadores de diferentes áreas do saber, entre outras individualidades, testemunharão hoje, quinta-feira, 30, no Auditório do Memorial Dr. António Agostinho Neto, em Luanda, o lançamento do livro “Sosoyo? Sola! – Provérbios e Adivinhas”, de Mbaxi Dya Kadi Ndaka.
O volume, dividido em duas partes, tem a chancela do MAAN, e será apresentado pelo acadêmico Benjamin Fernandes, docente de Língua Portuguesa na Faculdade de Humanidades.
O livro é composto por adivinhas e provérbios em kimbundu, dihungu, kikongo, umbundu e português. É um trabalho literário que participa da Literatura Tradicional angolana, sugerindo como forma de resgate dos valores da nossa Cultura que, paulatinamente, estão a desaparecer do acervo histórico-cultural de todas as nações.
O autor Mbaxi Dya Kadi Ndaka, questionado quanto ao conceito de nação inserido na obra, realçou que nunca considerou Angola uma nação, mas sim um conjunto de nações: Ambundu, Ovimbundu, Lunda Cokwe, Oshikwanyama, Bakongo, entre outras. “Digo nações, porque sempre considerei que Angola não é uma nação, mas sim um conjunto de nações: Ambundu, Ovimbundu, Lunda Cokwe, Oshikwanyama, Bakongo”, enfatizou.
Temática e i mpacto. Indagado ainda, quanto à temática, à estruturação e o impacto que a obra tende a alcançar junto do público, sobretudo estudantil, Mbaxi, referiu que o leitor poderá deparar-se com adivinhas, como parte importante da Cultura Popular de um Povo, que para os Ambundu e outras nações em Angola, servem para espantar/ou entreter a memória dos mais jovens.
Estas, segundo Mbaxi, servem ainda de segredo de Estado, assumindo também o papel de divertimento em brincadeiras para relaxar a mente humana. Aprimoram o raciocínio e incentivam a criatividade, tanto para a criança quanto para adultos.
Quanto à disponibilidade de exemplares propostos para o lançamento oficial, Mbaxi Ndaka referiu que foram 1000. Já no que à distribuição do volume fora da capital se refere após o lançamento oficial em Luanda, salientou que serão criados programas específicos para a sua apresentação e sessões de autógrafo.
Ideia Salientou que o livro dá-nos a ideia de que Angola, pode dotar políticas linguísticas para que todo o angolano possa ser um poliglota ou retomarmos os antigos valores dos nossos ancestrais, uma vez que na sua época, entre líderes, sobretudo, falavam e entendiam-se um ao outro.
O autor recordou que a concepção do livro durou 9 anos e, para o sucesso do trabalho, socorreu-se de várias fontes, desde físicas às orais. De acordo com Mbaxi Dya Kadi Ndaka, a jornada ocorreu em quatro etapas, sendo a primeira da criação de ideias, para escrever, traçar os objetivos geral e específicos, dentro de um projeto elaborado.
A segunda consistiu na recolha e compilação dos dados e a terceira, na análise e correção. Já a quarta e última etapa do processo incidiu na luta para encontrar um agente que proporcionasse a sua publicação. Dificuldades.
O autor comparou o livro ao nascimento de um filho, desde a concepção até o dia que deixa o ventre de sua mãe, o que, no seu entender, foi um processo marcado por inúmeras dificuldades, pese, emboa, as recolhas tenham sido feitas com apoio de meios de transporte adequados. “Um livro compara-se ao nascimento de um filho, desde a concepção até o dia em que deixa o ventre de sua mãe.”
Quero com isso dizer, que tivemos 9 anos, desde 2014, depois de termos lançado a gramática de Kimbundu em uma língua, na Feira do Artesanato no Dondo, até o ano passado”, disse.
Recorde-se que a apresentação do volume no MAAN, inseriu-se na Agenda Cultural da referida instituição para o recém-iniciado ano 2025, e das celebrações dos 50 anos da nossa independência.