Com 94 páginas, o livro reúne 15 contos literários baseados em fenómenos sociais e nas vivências das comunidades, reportando vários episódios que têm ocorrido no dia-a-dia da população angolana, que levam à reflexão profunda sobre a forma como as pessoas se vão isolando uma das outras por motivos “fúteis”.
Segundo o autor, a obra é uma advertência sobre as situações ‘dessaborosas’ que vão acontecendo na sociedade, provocadas, essencialmente, pela ganância e falta de sensibilidade e amor ao próximo, e que aos poucos vão “corroendo” as relações entre as pessoas. “Tenho visto a forma como a ganância tem corroído as nossas sociedades e como tem arruinado as relações.
Quis escrever um livro que reflectisse sobre isso. As pessoas não se apercebem que quanto maior for o amor ao dinheiro, maior será a exploração do homem pelo homem e pior, maior será a solidão”, avançou o escritor em entrevista ao OPAÍS.
Sérgio Fernandes sublinha que o livro vem alertar a sociedade sobre esta solidão que se vai impondo no seio das pessoas e torná-las solitárias e indiferentes umas com as outras, numa sociedade onde cada um está lutando apenas por si mesmo para satisfazer as suas necessidades e desejos.
“E assim, vamos ficando cada vez mais sós, mais desamparados, sem consolo”, ressaltou. Vencedor da primeira edição do prémio Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), de Portugal, o livro é publicado pela chancelaria da entidade organizadora da premiação, que é também responsável pela sua edição e comercialização, como fez saber o autor.
Contos dedicados aos entes queridos
Apesar de não dedicar a obra a alguém específico, Sérgio Fernandes disse que a obra está constituída de alguns contos que foram dedicados a pessoas muito queridas por si e que já não fazem parte do mundo dos vivos, entre os quais o seu irmão e o seu amigo.
“Na verdade, não pensei em dedicar esse livro a alguém em específico, mas há um conto dedicado ao meu falecido irmão, Osvaldo Fernandes, e um outro dedicado a um amigo também já falecido, Jesus de Nazaré”, revelou o autor.
De realçar que “Nem Vara, Nem Cajado” é a terceira obra literária de autoria de Sérgio Fernandes, juntando-se assim a outras como o livro de contos “Advento da Loucura”, lançado em 2021, e o romance “O Último dos Sonhadores”, obra que assinalou a sua estreia no mundo da literatura, em 2019.
Sobre o autor
Formado em Política Internacional em Monterey, Califórnia, EUA, Sérgio Fernandes nasceu a 4 de Março de 1984, nas Ingombotas, província de Luanda. Participou na colectânea de textos Literatura e Cultura em Tempos de Pandemia, organizada pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e, actualmente, é colunista regular da página de cultura do Jornal OPAÍS.