O livro, com mais de cem páginas, contém dez contos que têm a ver com os aspectos fundamentais, ligados à realidade do país e não só, em relação a vários temas, assuntos, problemas, dificuldades. Segundo o escritor, os contos garantem uma facilidade na sua compreensão pela simplicidade na sua concepção, bem como no tipo de letras.
A primeira história, disse, retrata a vida e obra de um casal de pastores evangélicos, de nacionalidade inglesa, com o sobrenome Sunflower, que vieram para um determinado ponto de Angola, exercerem a sua profissão, de levarem a fé de Deus a estes povos. “E, como este conto foi o primeiro, então deu o título ao livro.
Depois vêm os outros contos, cada um com o seu tema; uns que apontam mais para a questão da oralidade, mitologia, e outros com conteúdos mais aprofundados sobre a realidade.
Sinto-me feliz de ter feito esta obra”, disse o escritor. Já o último conto, Fragata de Morais avançou que retrata o ovo da avestruz, assim como a história de vida do povo Koisan, o que considera pertinente para aquela população: apresenta um povo que infelizmente encontra-se em via de extinção, adicionando algumas experiências vividas pelos povos vizinhos, como Botswana, Namíbia e na África do Sul. “Mas, basicamente, o conto tem a ver com o dia-a-dia da comunidade Koisan locais”, sublinhou.
Interacção entre escritores e alunos
Durante o acto de lançamento do livro, o também membro fundador da Academia Angolana de Letras considerou extremamente importante que os escritores nacionais sejam convidados a falar de literatura nas escolas, por forma a contribuir para o gosto e incentivo à leitura.
“E deixa um apelo às instituições de direito, para que possam estabelecer esta política e assim todos juntos possamos trabalhar para o engrandecimento do país, já que os mesmos poderão falar da importância dos livros e da literatura angolana”, apelou.
Para maior expansão da referida obra, pretende, em Fevereiro do próximo ano, 2025, levar “A Senhora Sunflower” no Brasil, a par de ser traduzida em Umbundu.
Apreciação dos leitores
Neste acto, o Reverendo da Igreja Protestante, Abel Humbo, achou o livro interessante, por destacar nos seus contos aspectos culturais que considera importantes para a apreciação dos leitores. “Gostou de ouvir as histórias, os contos, e recomenda a leitura deste livro e de outros também da autoria do mesmo escritor”, disse.
Por sua vez, o responsável da Editora Mayamba, Arlindo Isabel, referiu que o escritor dispensa apresentação pela sua rica trajectória no mundo da literatura, que incentivou a editora a abraçar este projecto.
Percurso
Manuel Augusto Fragata de Morais nasceu na província do Uíge a 16 de Novembro de 1941. É diplomata de carreira, com a categoria de embaixador (aposentado).
Dos vários cargos que ocupou, destaca-se o de director de Gabinete da Ministra dos Petróleos, conselheiro e secretário-geral do Conselho Nacional de Comunicação Social, presidente da Comissão Directiva da União dos Escritores Angolanos, vice-ministro da Educação e Cultura, no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional. Actualmente, é membro da direcção da Academia Angolana de Letras.
Foi jornalista, actor, encenador e cineasta, fez os seus estudos de teatro na Universidade Internacional do Teatro em Paris e de cinema na Academia de Cinema dos Países Baixos, em Amsterdão.
Obras publicadas
Os seus primeiros escritos apareceram na década de 70, em Paris (França). É autor de extensas obras que se alastram pelo romance, contos, teatro, poesia e literatura infanto-juvenil.
Publicou “Terreur en Verzet” (1972), “Como iam as velhas saber disso” (1980), “A seiva” (1995), “Inkuna minha terra” (1997), “Jindunguices” (1999), “Momento de ilusão” (2000), “Amor de perdição” (2003), “Antologia panorâmica de textos dramáticos” (2003), “A sonhar se fez verdade” (2003), “A prece dos mal-amados” (2005), “Sumaúma” (2005), “Memórias da ilha” (2005), “O Fantástico na prosa angolana” (2010), “Batuque Mukongo” (2012), “A Visita” (2014), “Estórias para Bem Ouvir” (2015), “A Dança da Chuva” (2015), “Os ventos ao Sul” (2020) e “Contos de Samuel Astro” (2020).