Depois de uma disputa renhida envolvendo 18 concorrentes de 17 províncias, o júri escolheu o vencedor desta edição, cuja decisão baseou-se na estrutura melódica, letra, voz, entrosamento melódico e harmónico
Por: Jorge Fernandes, em Caxito
José Sona, representante da província de Malanje, sagrou- se Sábado, 18, com 133 pontos, vencedor da 24ª edição do Festival Nacional de Música Popular Angolana “Variante 2017”, com a canção “Kalé bhabha”, concurso realizado na cidade de Caxito (Bengo). A província do Kuando Kubango representada por Abias Kativa, com o tema “Calunga”, conquistou o segundo lugar com um total de 117 pontos, ao passo que a Carlos Gregório, da província do Bengo, coube-lhe o terceiro lugar com a interpretação do tema “Kuamonekene”, totalizando 115 pontos. Entretanto, a plateia contestou o corpo de jurado presidido pelo escritor António Fonseca em relação à classificação, alegando que o músico Eduardo Gospel de Cabinda esteve melhor do que o vencedor, mas como ele é soberano na sua decisão não se deixou influenciar pelo público. “O júri avaliou com base no rigor, não se deixando influenciar pelos presentes, pois baseou-se em critérios como a estrutura melódica, letra, voz, entrosamento melódico e harmónico”, justificou António Fonseca.
Prémios
Os vencedores, do primeiro ao terceiro lugar, receberam um valor monetário de 450 mil, 300 mil e 250 mil kwanzas, respectivamente, e um diploma de mérito. Vão beneficiar ainda de uma formação de música durante um ano no Complexo das Escolas das Artes (CEARTE), em Luanda.
Outras actuações
Durante o festival, os concorrentes levaram ao delírio o público que lotou o Cine Caxito, interpretando vários temas, alguma delas em línguas regionais. Do Cuanza Norte, Manuel Gouveia “Toronto”, deu a ouvir “Maças da terra”. Do litoral do país, Benguela, Félix Calenga cantou “Trabalho”, do Namibe, Tony Luemba deu voz ao tema “Ser angolano”, enquanto a dupla Amaral e Danix de Cabinda, cantou “Mambo ma Makuena”.
Ainda no primeiro bloco de actuações, o concorrente Eduardo Gospel, um dos mais aplaudidos da noite, interpretou “Medicamento do amor”, Osvaldo José do Bié, “Ombela Ynduduma”, Francisco Cicola (Huambo), “Ombala”. Os ritmos da tchianda fizeram-se ouvir com Branca Celeste, da Lunda Sul, que deu a ouvir “Nhongueno Kanua” e da Lunda Norte, António Seheno interpretou a música “11 de Novembro”. Henriques da Silva do Cuanza Sul cantou “O cágado”.
Deolinda Hicomena do Cunene deu a ouvir “Ondarira”, de Luanda, Júlio Gil homenageou o continente berço com o tema “Mamã África”. Já do Moxico Madureira Avelino apresentou-se com a canção “Joaquina. Afonso Ferreira (Zaire) e Loló João (Uíge), “Kinsopa Diako” e “Eu amo Angola”, respectivamente. Saliente-se que este concurso é uma iniciativa do Ministério da Cultura, e visa estimular a criatividade dos artistas angolanos, promover e preservar a identidade cultural no domínio da música e encorajar o sentimento de unidade nacional e de solidariedade geracional.
Animações
Os músicos Clareza e Ti Matias foram os convidados locais que abrilhantaram os convivas do Variante-2017, enquanto Baló Januário, uma das principais referências da actualidade do folclore angolano, foi a “estrela” da noite. Ao ritmo da “Cabecinha”, dança da sua região de origem (Quissama), Baló interpretou em uníssono com a plateia alguns dos seus principais sucessos, como “Boca na botija”, “Pedra no sapato”, “Assim é problema” e outros mais recentes. A província da Huila é a única ausente nesta 24ª edição do Variante-2017 -Música Popular Angolana(MPA), por razões desconhecidas pela organização do evento.