Foram mais de 40 artistas, entre nacionais e internacionais, que prestigiaram o evento com suas memoráveis actuações, num misto de Jazz e ritmos africanos com a intenção de celebrar a música e promover a cultura da paz e não-violência pelo conti- nente berço à luz dos ideais da Bienal de Luanda que é a entidade promotora do festival.
No primeiro dia (terça-feira), o festival arrancou com um atraso de duas horas, marcado para iniciar as 17h00, começou por volta das 19h00 com a vice-Presidente da República, Esperança Costa, a prestigiar a sessão de abertura cujo discurso oficial foi proferido pelo governador provincial de Luanda, Manuel Homem.
Antecipando-se ao momento das actuações, os pequeninos da American School of Angola (ASA) apresentaram um remix da música “happy”, tida como um dos clássicos do Jazz mundial, de autoria do icónico músico e produtor norte-americano Pharrell Williams.
Com mais de 20 crianças, com idades entre os 6 e os 14 anos, o colectivo da ASA brindou o público com suas “pérolas” que entoavam suas inocentes vozes cheias de alegria e positividade, num gesto que visou apelar à paz no continente africano e noutras regiões em conflitos, assim como promover a inclusão e o intercâmbio entre as nações Homenagem a Rui Mingas deu início às actuações.
O momento das actuações começou de um jeito fora do habitual e inesquecível. O jazzista angolano Nuno Mingas, acompanhado de sua esposa Charlote Mingas, fez as honras, começando a sua actuação com um minuto de silêncio em homenagem ao seu pai, o músico e nacionalista Rui Mingas, falecido em Janeiro do corrente ano.
De seguida, numa adaptação do Jazz, com auxílio de uma banda americana, Nuno Mingas interpretou um dos clássicos de Rui Mingas “muxima”, uma iniciativa que arrancou fortes aplausos e assobios da plateia que se sentiu nostálgica a contemplar os ritmos de jazz na canção daquele que foi ícone da música angolana.
As actuações continuavam com as sessões de homenagens às figuras que marcaram o musical clássico mundial. O quarteto americano Eleonor Quartet, na companhia de um leque de artistas de vários países, entre moçambicano, marroquino, cabo-verdiano e camaronês, subiu ao palco e apresentou diversos temas, misturando vários ritmos e línguas numa expressão harmoniosa de jazz songs.
Quando já passavam das 22h30, subiu ao palco a cantora camaronesa Sakwe Time que prestigiou o evento com dois temas musicais “alloba”, que significa “Deus”, na língua regional camaronesa “ntwalala” e o segundo “wait for me”, em português “espere por mim”.
Sendo a sua primeira vez em Angola, a artista mostrou-se grata e entusiasmada pela recepção, tendo manifestado o interesse em regressar nas próximas ocasiões assim que for oportuno.
Sakwe Time disse estar maravilhada pela experiência que está a vivenciar por meio da música e sublinhou que o Jazz é um estilo que permite não apenas viver a música, mas compartilhar histórias, vivências e culturas fazendo com que diferentes nações se unem com um único propósito que nada tem a ver com interesses políticos.
“Este é um momento de celebração especial porque não estamos aqui apenas para viver a música, estamos também para compartilhar culturas, histórias, vivências e experiências entre diferentes nações, então estar aqui é algo muito maravilhoso e gratificante para mim. Só tenho a agradecer a organização pelo convite e o governo de Angola por nos receber com muita delicadeza e empatia” disse a artista.
Cruzamento entre Kuduro e Jazz Um dos momentos mais marcantes da noite de terça-feira foi o improviso que permitiu a combinação entre o Kuduro (estilo musical angolano) e o Jazz, protagonizado pela banda americana Eleonor Quartet e o seu leque de artistas de outros países, e o kudurista angolano Agre-G, que “adoçou” o mix com os trechos da música “isso é Kuduro”