A exposição reflecte a dualidade simbólica: Yiji, que significa “rios”, e Zad, uma sigla para “zonas a defender”. Nesta mostra a solo, a segunda do colectivo Verkron, que transformou o espaço expositivo numa floresta monumental, onde cenas evocativas de um universo mítico se desdobram.
Esses fragmentos narrativos manifestam-se nas pinturas que se estendem à floresta que cobre toda a galeria, que funcionam como portais que revelam um universo mágico, no qual a água desempenha um papel central.
Deste modo, na sua essência, a mostra propõe uma leitura alegórica da fluidez dos rios como contraponto às políticas baseadas na imposição de fronteiras rígidas, sugerindo uma abordagem mais complexa das relações entre povos e territórios.
Com recurso à tradição muralista, a obra propõe um processo poético e curativo das violências históricas dos projectos nacionais de matriz colonial. “YIJI & ZAD” está patente até 24 de Novembro.
Com esta exposição, Verkron posicionam-se como críticos fervorosos da máxima “Um só Povo, uma só Nação”. Porém, em vez de apenas denunciar as violências históricas dos projectos nacionais de matriz colonial já amplamente reconhecidas , o colectivo opta por elaborar imagens poéticas e curativas.
As suas obras buscam reconectar o espectador com forças ancestrais, oferecendo uma janela para a imaginação, que se torna fundamental para a criação de futuros mais amplos e interessantes.
Sobre o colectivo Verkron
Integradas de existir, projectando com mestria mundos paralelos organicamente ligados a este em que vivemos, e a partir daí formular novas linguagens para comunicar mística e imaginação radical.
O colectivo usa as ruas, muros e fachadas da cidade como a tela de sonhos e universos fantásticos. O movimento sonha com uma revolução psicológica com poder de nos levar a questionar os imperativos neoliberais da modernização, progresso e desenvolvimento.
A sua arte é uma forma de ocupação que acaba por criar espaços livres, onde podemos verdadeiramente “debater a construção do futuro das nossas cidades” e tornar-se a fonte de diálogos que podem contribuir para a educação e emancipação do Nós, enquanto comunidades de pessoas urbanas e urbanizadas.