A par de outras infra-estruturas que constituem o património da Missão Católica de Lândana, a Igreja São Tiago Maior de Lândana é tida como um dos maiores emblemas da história do início do cristianismo nesta parcela do território nacional.
As obras da sua construção datam desde o século XIX da era colonial.
Foi o primeiro templo a ser fundado pelos missionários espiritanos em Angola, no dia 25 de Julho de 1873.
A infra-estrutura foi classificada como património cultural nacional, em Junho de 2013, e é uma das mascotes do turismo, tendo em conta o seu estilo arquitectónico, com janelas ornamentadas, vidros importados da Europa que remontam há mais de 100 anos.
Em Abril de 2018, devido às fortes chuvas que se abateram sobre a província, sobretudo em Lândana, provocaram a derrocada da parte frontal da igreja estando a sua reconstrução dependente da disponibilidade de verbas pelo Governo.
A reabilitação cinge mais na recuperação da parte frontal da infra-estrutura, a torre e o relógio que desabaram em decorrência das fortes chuvas registadas na região.
Segundo o bispo de Cabinda, a Igreja São Tiago Maior de Lândana é um património nacional e, por isso, compete ao Estado a sua reabilitação.
“Até por lei não podemos tocar naquela estrutura porque é património nacional sob a responsabilidade do Estado”, esclareceu o chefe da Igreja Católica em Cabinda, tendo realçado que já houve tempos em que a consignação das obras para a sua reabilitação esteve mais próxima.
O bispo congratulou-se com a preocupação do Governo Central em relação à reabilitação da igreja e realçou o empenho pessoal da ex-ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, que, representando o governo, tomou a peito como porta-voz das preocupações levadas até à antiga Colina de São José, em Luanda.
“Passamos esses anos de diálogo e de busca de soluções numa travessia do deserto e como sabemos foi ainda piorada com a pandemia da Covid-19”, referenciou o prelado deixando transparecer que há uma luz num horizonte breve quanto a uma reabilitação da igreja desabada há cinco anos.
“O nosso desejo é que dentro de pouco tempo se aprovem os financiamentos e os projectos para a reabilitação da Igreja São Tiago Maior que seria ouro sobre azul na celebração dos 150 anos da nossa Missão Católica de Lândana”, perspectivou.
Visita do ministro
O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, visitou, recentemente, os escombros da Igreja São Tiago Maior e reuniu-se com a governadora provincial, Mara Quiosa, para saber das dificuldades que estão na base do atraso na reabilitação do templo.
Segundo o ministro da Cultura e Turismo, existem diversas opiniões em relação à sua reabilitação, estando algumas entidades a defender a construção de um novo templo devido ao tempo e a época que o mesmo foi erguido.
“Se é construir tudo novo perdese o património.
Trouxe um arquitecto para poder dar uma opinião melhor e poder auxiliar que decisões melhor a tirar quer a nível da província quer a nível nacional e vermos como podemos recuperala”, explicou o ministro.
Para Filipe Zau, a Igreja São Tiago Maior representa algo importante quer para os cultos, quer para o património cultural como também marca a presença dos primeiros missionários em Cabinda, em particular, e em Angola, em geral.
Consignação das obras de reabilitação da residência dos padres
Ao longo dos 150 anos de existência, as infra-estruturas da missão como a residência dos padres, as oficinas de artes e ofícios, a tipografia, o internato, a Igreja São Tiago Maior e a escola foram degradando-se com o tempo.
No dia 10 de Janeiro foram consignadas as obras de reabilitação e ampliação da residência dos padres, uma estrutura que se encontra em estado degradado e o tecto a jorrar água sempre que chove.
Avaliado em mais de 506 milhões de kwanzas, financiados pelo governo angolano, a obra está a cargo da empresa local Organizações MPM e deverão durar 11 meses para a sua execução.
A governadora provincial de Cabinda, Mara Quiosa, assistiu ao acto da consignação, pedindo ao empreiteiro que cumpra, escrupulosamente, com as normas e os prazos contratuais e usar material de qualidade na obra.
Para conferir a qualidade que se quer à obra, Mara Quiosa solicitou à Diocese de Cabinda, como dono da empreitada, a acompanhar rigorosamente a construção a par da empresa fiscal Basmacas-BCNT.
“Queremos que não surja qualquer constrangimento sobretudo de ordem financeira e caso apareçam consigamos ultrapassar com bastante rapidez para que no mais curto espaço de tempo possamos ter essa importante infra-estrutura completamente reabilitada”, recomendou a governadora.
Diocese
Em nome da Diocese de Cabinda, o bispo Belmiro Chissengueti agradeceu ao Governo pela reabilitação da casa dos padres e chamou à atenção ao empreiteiro que 11 meses depois da consignação, isto é, no dia 10 de Novembro de 2023 “estaremos aqui para a inauguração dessa obra”, augurou o prelado.
“Não nos façam perder tempo nem paciência, nem viagens e muito menos gastos com tribunais para podermos fazer andar aquilo que é de todos nós”, advertiu o bispo de Cabinda manifestando-se satisfeito com a aposta de uma empresa local escolhida para a execução da obra.
Para Dom Belmiro, este é um desafio para as empresas locais demostrarem trabalho no intuito de passarem a ser opções em futuras empreitadas.
“O grande risco do nosso empresariado, às vezes, é que antes de concluir a obra primeiro gasta tudo para depois se queixar ao Estado. Aqui vai ser diferente.
Façam bem para que, mostrando o vosso trabalho, haja depois preferência mesmo da parte do governo a fim de que o dinheiro do PIIM que é nosso possa também circular entre nós”, manifestou reiterando ser tempo de trabalho e o de arregaçar as mangas, e de confiar-se na providência para que o bem que se realiza naquele local possa também ser a imagem do país que se pretende construir.