Desde a presença do seu soberano, Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI, os ritmos ancestrais, a música, as danças, os instrumentos musicais e até mesmo alguns kitutes da terra, o planalto central esteve representado em alta no evento que juntou mais de 300 pessoas, durante cinco dias. A música e a dança foram as mais notáveis manifestações culturais que permitiram ao público conhecer e apreciar com nostalgia a grandeza da diversidade cultural que aquela província da região centro sul do país ostenta no seu vasto panorama cultural.
Do lado da música, Bessa Teixeira, Edna Mateia e a Banda Geração Nova levaram o público ao delírio, proporcionando momentos inesquecíveis aos presentes durante suas actuações. Em palco, Bessa Teixeira brindou o público com sete temas musicais, nomeadamente “okasipi”, “ficamos os dois”, “memórias”, “nbungi”, “ekandulipi”, “ombembwa”, e encerrando o seu momento com “sunlula”.
Por sua vez, Edna Mateia, acompanhada da Banda Geração Nova, deixou o público “electrizante” ao proporcionar uma actuação memorável que começou com um pequeno discurso para homenagear e honrar às memórias dos músicos do Huambo falecidos nos últimos anos. Durante as suas actuações, Edna Mateia contagiou os presentes com sua excepcional performance, tendo começado com o tema “totola”, seguindo-se Huambo, umbi umbi, ndavaluka, olonhañe, bili rubina, mix rap, Angola, e encerrou em grande com o icónico tema “para ti mulher” que levou o público a pedir bis.
Katyavala expôs os ritmos ancestrais
Quanto ao lado da dança, o histórico grupo Katyavala soube representar com orgulho e a mais elevada estima a província, apresentando as mais populares e conceituadas danças do povo do Bailundo, região que compreende as províncias do Huambo, Bié e uma pequena parte da Huíla.
O grupo, com mais de 40 anos de existência, e que já foi composto por cerca de cem mulheres, fezse apresentar ao palco com apenas seis bailarinas e duas instrumentistas, que, ao ritmo dos batuques, prestigiaram a abertura oficial do Festival dançando os mais icónicos ritmos da ancestralidade do planalto central.
Trajadas dos panos típicos daquela região, as bailarinas exibiram não apenas as danças, como também os instrumentos musicais típicos e, até mesmo, alguns produtos do campo, com destaque para o longuesso, um fruto seco bastante nutritivo e recomendado para o aumento da produtividade sexual masculina. Além de representar as danças, o grupo Katyavala é o grupo coral oficial do Reino do Bailundo e tem a missão de acompanhar o rei nas actividades dentro e fora do reino, assim como providenciar o protocolo de recepção das visitas ao reino.
Próximas edições vão destacar outras províncias
Doravante, cada edição do Festival Balumuka vai procurar destacar uma ou mais províncias, em termos culturais, artísticos e da sua gastronomia. A garantia foi dada pelo director do Palácio de Ferro durante a decorrência da terceira edição do festival que distinguiu a província do Huambo. “Daqui para frente o festival vai acontecer desta forma, elegendo uma província para reflectirmos sobre os instrumentos, seus ritmos e a cultura, e é nesta qualidade que o Huambo está aqui nesta edição para ser a província de destaque”, avançou ao Jornal OPAÍS João Vigário. O responsável referiu que as edições vão procurar também homenagear figuras das respectivas províncias que deram notáveis contributos para o engrandecimento artístico das mesmas, independentemente de estas figuras ainda estarem em vida ou não.
Rei do Bailundo quer universidades a preservar os valores ancestrais
Tchongolola Tchongonga “Ekuikui VI” defendeu que as universidades devem criar laboratórios de pesquisa e preservação dos valores ancestrais, sublinhando que a cultura fortalece a nação e une os povos. “Para sermos um povo cada vez mais forte, precisamos preservar a nossa cultura. As universidades devem criar laboratórios que possam resgatar os nossos valores ancestrais, os nossos hábitos e costumes e nossas tradições, porque a cultura fortalece a nação”, disse o soberano à imprensa durante a sua participação na terceira edição do Festival Balukuma, no Palácio de Ferro.
Na qualidade de orador da aula magna sobre “A Herança da arte musical e fabricação de instrumentos musicais ancestrais no reino do Bailundu”, Ekuikui VI afirmou que é importante olhar para a valorização e preservação da ancestralidade como forma de manter viva as raízes culturais dos antepassados para que ela não se perca e nem se desvie da sua essência. Manifestou preocupação com a carência da expressão da identidade cultural no seio da juventude e nas instituições de ensino, observando ser imperiosa a necessidade de se resgatar os nomes em línguas nacionais, a medicinal natural, assim como a gastronomia e as vestimentas.
“Muita gente pensa que preservar a nossa cultura é ser um atrasado, é querer fechar-se ao desenvolvimento e regredir à era primitiva. Até o hábito de dar nomes em línguas nacionais vão desaparecendo dos nossos registos. É triste.”, lamentou. Por outro lado, Tchongolola Tchongonga mostrou-se satisfeito com a iniciativa do Palácio de Ferro em resgatar os ritmos da ancestralidade e realizar actividades que visam promover a cultura nacional a todos os níveis.
Expressou o seu profundo agradecimento pela recente edição do Festival que visou exclusivamente destacar a província do Huambo. “Estou feliz e muito satisfeito. É preciso que iniciativas desse género aconteçam cada vez mais, porque elas nos ajudam a promover e a preservar as nossas raízes e a nossa identidade como povo”, destacou