Cabo Verde assume em Julho deste ano, a presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e os agentes culturais esperam que se consiga dar passos favoráveis para a livre circulação dos produtos culturais e dos seus fazedores
Os homens da Cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) defenderam, esta Terça-feira, a possibilidade de lhes ser facultado um passaporte diplomático, na qualidade de artistas, para que possam viajar e levar a Cultura a outros continentes. Essa solicitação foi feita durante o Workshop sobre o tema “CPLPArte, Cultura e Música sem Fronteiras- Livre Trânsito” realizado num dos hotéis da Cidade da Praia, no âmbito da I edição do projecto Residência Artística- Sons da Lusofonia, que decorre na capital cabo- verdiana de 13 a 22 do corrente.
No debate, que arrancou com uma explanação de Patrick Borges, do Kriolideias, ficou claro o nível de frustração que os artistas têm quando “mendigam” vistos para outros países, particularmente para a CPLP, para poderem expor a sua Cultura. “É uma frustração a nível da CPLP o que nos faz pensar que na comunidade existem apenas dois países, Portugal e Brasil, e que o resto é tudo abaixo.
Nós, quando temos de ir a estes dois países é com muita dificuldade, mas os seus cidadãos para virem a Cabo Verde é muito fácil”, disse. Perante esta realidade, Patrick Borges, que também é manager e produtor, questionou o facto de alguns mercados serem mais livres, quando a arte, que é a identidade de um povo, não consegue ter essa “livre circulação”.
E por se tratar de um “problema sério” a nível da CPLP, o agente cultural espera que com Cabo Verde à frente da presidência consigam dar passos favoráveis para a livre circulação. Já o músico português Zé Perdigão, que ultimamente tem trabalhado com artistas cabo- verdianos, diz que é preciso que haja um passaporte que acredite os músicos para poderem sair do país sem terem de sofrer “penalização” com os vistos.
E vai mais longe ainda, ao questionar sobre o porquê que “a minha música toca no México, sem que haja autorização, e eu, enquanto músico, tenho de ser autorizado a passar fronteiras e levar a minha cultura”.