Assente num modelo de nostalgias e celebração da carreira dos dois artistas, o show teve a duração de quase quatro horas em que as estrelas da noite fizeram uma viagem aos seus vastos reportórios com a interpretação de canções que marcaram as gerações dos anos 80/90
Foram milhares os fãs de Paulo Flores e Eduardo Paim que acorreram, no último Sábado, a Arena Bessangana, na Ilha de Luanda, para ver cantar os dois monstros da música angolana na segunda edição do “Show Origens”. Assente num modelo de nostalgias e celebração da carreira dos dois artistas, o show teve a duração de quase quatro horas em que as estrelas da noite fizeram uma viagem aos seus vastos reportórios com a interpretação de canções que marcaram as gerações dos anos 80/90.
O Semba, a Kizomba e a Kazucuta marcaram o centro das celebrações num espectáculo que fez reviver Luanda do antiga- mente com todos os seus encantos, singularidade e especialidades. Do seu conjunto de canções, Paulo Flores interpretou, entre várias, as músicas “Gepe”, “Njila Ia Dicanga”, “Minha Velha” e Semba de Acalento”.
Já Eduardo Paim, considerado o pai da Kizomba, levou, aos convivas, as canções “Rosa Baila”, “Carnava” e outras, levando, assim, o público ao delírio que, mesmo depois do show ter chegado ao fim, não arredou o pé do local aonde, para além dos angolanos, estiveram, igualmente, pessoas de outras latitudes do mundo, sendo que, muitos, inclusive, escalaram Luanda propositadamente para vir assistir ao espectáculo.
Celebração do amor
A margem do show, vários foram os momentos que os dois artistas interromperam o curso da música para falar com o publico amante das suas músicas e enviarem recados para a necessidade de celebrar a vida, mesmo que ela seja dura a meio a tantas dificuldades assinalados nos dias de hoje. Para Paulo Flores, o “Show Origens” marca, literalmente, o regresso ao tempo em que o amor era uma necessidade constante. Segundo o artista, nos dias corri- dos, como estes, em que tudo anda de forma acelerada, é importante que as pessoas reservem o tempo para amar umas às outras.
E, neste segmento, frisou, a música é um activo importante para celebrar a vida e o amor. De acordo ainda com Paulo Flores, a música, particularmente o Semba e o Kizomba, contribuíram para que Luanda fosse um local de amor e de respeito através da valorização do que é nacional.
O poder da música Já Eduardo Paim referiu que os milhares que acorreram à Arena Bessangana foram movidos pelo poder que a música tem, razão pela qual assegurou que vai continuar a fazer essa arte que já soma décadas de carreira. General Cambwengo, como também é conhecido, mostrou que, apesar dos anos de carreira, continua fiel ao seu público e com a mesma qualidade na interpretação do Semba e do Kizomba.
homenagem
Para além das celebrações e dos momentos de alegria, o show serviu, igualmente, para a prestar sentidas homenagens às pessoas próximas aos artistas e que já não estão em vida. Como forma de manter essas figuras vivas na memória de cada um dos presentes, Paulo Flores e Eduardo Paim fizeram questão de chamá-las em palco, mesmo que na espiritualidade, para mostrar ao público sobre a necessidade de valorização e amor às pessoas quer quando estão em vida como no além do outro mundo.
Na vasta lista dos homenageados perfilaram Waldemar Bastos, Carlos Buriti, Gepê e Cabé, este último pai de Paulo Flores e responsável pelo grande artista que é hoje o filho. Gratos pelo amor e carinho dado pelo público, Paulo Flores e Eduardo Paim garantiram a retoma na partilha do mesmo palco para celebrar a vida e matar as saudades de um tempo em que o amor era o centro da vida.