A Casa da Cultura do Rangel “Raínha Njinga” vai realizar, nesta Sexta-feira, 23, pelas 16 horas, a primeira edição do “Oficinas de Carnaval”, um evento que visa partilhar com o público as histórias sobre a origem do Carnaval de Luanda
O evento vai juntar historiadores, pesquisadores culturais, artistas, grupos carnavalescos e responsáveis da comissão organizadora do entrudo de Luanda, numa iniciativa que pretende promover debates e partilha de conhecimentos em torno da maior festa de manifestação cultural do país.
Entre os convidados para o encontro, que prevê acolher dezenas de participantes naquela instituição cultural de referência do distrito do Rangel, estarão o actor e pesquisador cultural Roldão Ferreira que deverá se debruçar sobre a temática “A História do Carnaval em Angola” e António de Oliveira ‘Delon’, secretário-geral da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (APROCAL), que falará sobre os passos e processos necessários para a realização do entrudo a nível da capital.
Segundo a organização, o encontro, enquadrado no âmbito das responsabilidades de educação, tem por objectivo partilhar conhecimentos com um público diversificado sobre o carnaval, sua origem e o que visa celebrar, sendo que “muita gente, por ignorância, tem tendência de associar o acto a rituais supostamente “satânicos”, como adiantou a portavoz do evento, Josefina Huambo.
“Na verdade, o objectivo da ‘oficina de carnaval’ é dar a conhecer ao público em geral, sobretudo aos jovens e alunos das escolas de artes com as quais temos parceria, sobre a história do carnaval de Luanda, como surgiu a festa, o significado das danças e as vestimentas que são usadas, quem foram os primeiros grupos vencedores e coisas do género”, explicou.
O encontro, informou, terá a duração de duas horas e contará também com a presença de quatro grupos carnavalescos que participaram na última edição do carnaval, realizada recentemente na pista da nova marginal da Praia do Bispo.
Trata-se dos grupos Twafundumuka, Sagrada Esperança, União Operário Kabokomeu e Njinga Mbande.
Sessão de demonstrações práticas
Os quatro grupos convidados, de acordo com a organização, terão a responsabilidade de executarem, na prática, aquilo que teoricamente os especialistas na matéria vão explicando ao público, desde os estilos de danças e canções, o significado das vestimentas e acessórios, assim como determinados gestos e personagens que compõem os conjuntos carnavalescos durante os desfiles.
Para o efeito, uma pequenina pista improvisada será feita para que os representantes dos grupos possam fazer as demostrações, dançando e cantando ao som dos ritmos produzidos pelos instrumentos de percussão tradicionais e dos apitos que são as ferramentas mais usadas pelos grupos nas suas apresentações.
Origem do Carnaval de Luanda
Segundo dados históricos, o Carnaval de Luanda é uma festividade popular cultural que teve origem na era colonial, instituída pelo regime colonial português.
Com o surgimento da independência, a partir de 1978 o carnaval passou a ser reconhecido oficialmente como festa da cultura angolana, estando sob organização do governo angolano pós-independência, liderado pelo primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto.
Desde então, os desfiles passaram a realizar-se na marginal de Luanda, contando com a participação de vários grupos em diferentes escalões designados por “classes” e estes por sua vez passaram a ser representados por um(a) comandante, um rei e uma raínha, tendo a liberdade de escolher o ritmo que os vai representar a cada edição.
Os principais estilos musicais executados nos Carnavais de Luanda são o semba, a kabetula, a kazukuta e a dizanda.
Naquela que foi a primeira edição do carnaval de Luanda, o espectáculo competitivo teve como principal vencedor o grupo União Operário Kabokomeu (em 1978), ao passo que a última edição, realizada há pouco menos de duas semanas foi conquistada pelo Recreativo do Kilamba