Um grupo de mulheres oleiras e artesãs que se dedicam a arte milenar da cestaria, cerâmica e joalharia, na localidade de Zambi, província do Uíge, vai ser apadrinhada pela Fundação BAI, com vista a contribuir para a preservação e valorização das técnicas de produção artísticas e artesanais, enquanto elementos identitários da cultura angolana
A administradora delegada da Fundação BAI, Tchissola Mosquito, explicou que a sua instituição apadrinhou esta iniciativa por se enquadrar no programa de eventos culturais que tem desenvolvido com o objectivo de desempenhar um papel fundamental na manutenção da identidade cultural e no fortalecimento das raízes históricas de Angola.
“Essas técnicas artesanais representam a riqueza da herança angolana transmitida ao longo de gerações e são fundamentais para a preservação das tradições locais e da diversidade cultural”, frisou ao intervir, nesta terça-feira, no acto de apresentação pública da parceria entre a fundação e o referido grupo de mulheres.
De acordo com a administradora, numa primeira fase tal apoio vai estar centrado no grupo de mulheres oleiras Unidas pela Cerâmica, da referida localidade, podendo estender-se posteriormente para outras.
Com este programa, que será executado pela Fundação em parceria com outros grupos culturais, pretende-se contribuir fortemente para o desenvolvimento económico e cultural dos artistas artesãos, particularmente mulheres, “valorizando seus talentos e conhecimentos endógenos únicos”.
Tchissola Mosquito sublinhou que, deste modo, a Fundação estará a contribuir para a preservação e promoção das técnicas ancestrais. “Não apenas para se salvaguardar o património cultural, mas também enaltecer o reconhecimento e a avaliação da cultura nacional”.
Por outro lado, a instituição pretende ajudar a criar um segmento que pode contribuir fundamentalmente para a dinamização do sector turístico do país.
De acordo com Tchissola Mosquito, o grande desafio das Mulheres Unidas pela Cerâmica tem sido desenvolver novos trabalhos ue podem contribuir não só para a elevação da identidade cultural do país como criar produtos comercializáveis para tornar a organização independente.
Acções para resgatar uma arte antiga
Para a historiadora Rosa Cruz e Silva, membro da organização, além de desenvolver esta forma de arte, o projecto é um grande incentivo para a valorização das artes endógenas, por estabelecer um vínculo contínuo para o desenvolvimento cultural do país.
“Não é suficiente um olhar atento dentro do pilar da cultura para as comunidades, mas é necessário olhar-se também para as artes antigas e tentar resgatá-las”.
No entender de Rosa Cruz e Silva, isso vai possibilitar uma maior apreciação desta forma de arte ancestral e munir tais artistas de ferramentas de trabalho que as levam a focar-se na arte da cerâmica como um modo de vida.