Os grupos nacionais, vindos de vários pontos da cidade capital, puderam trocar experiências e partilhar impressões com os outros conjutos teatrais da diáspora, provenientes de países como Portugal, Brasil e Guiné Bissau, que marcaram presença na presente edição do festival de promoção desta arte e outras similares.
De acordo com o programa, a apresentação da instalação artística da artista angolana Ana Sanches, a inauguração da exposição fotográfica “Viver Angola”, do fotógrafo Rodrigo Subtil e a exibição da peça “A Panela de Koka Mbala”, protagonizado pelo grupo Experimental Teatro, um dos pioneiros da arte cénica em Angola no período pós-independência, marcaram a abertura do festival.
O segundo e o terceiro dias ficaram assinalados com as performances do grupo teatral português Aurora, que exibiu uma peça com o mesmo nome, e da peça “Má informação Congênita”, exibida pelo grupo angolano Desejados da Kianda.
O quarto dia deu lugar a uma mesa redonda sobre “Teatro: Contemporaneidade e Tradição”, seguindo-se a apresentação de um monólogo intitulado “Flor Bela Espanca: entre dores e amores”, da actriz brasileira Lorena Mesquita.
No quinto dia, as actividades começaram mais cedo com a abertura de uma oficina artística para adultos, onde as várias acções e actuações desenrolavam-se sobre a temática “Liturgias do quotidiano”.
Promoção do Teatro Infantil
Diferente da anterior, nesta edição a organização procurou dar ao festival um carácter inclusivo e diversificado, permitindo a realização de sessões teatrais dedicadas ao público infantil.
Nesta sessão, o grupo teatral português Teatro da Garagem, entreteve os mais novos que se faziam acompanhar dos pais e encarregados, brindando-os com a peça “Zezinha no circo”, isto na tarde de Sábado, culminando o quinto dia de festival com a apresentação da peça “Segundo acto”, um monólogo do escritor português Carlos Pessoa, protagonizado igualmente pelo grupo Teatro da Garagem.
Marcaram ainda o festival as realizações de oficinas de teatro para crianças, para adultos e a encenação da peça “Mayombe”, inspirada na obra de romance do escritor Pepetela com o mesmo título, exibido pelo Enigma Teatro.
Revivendo os feitos de Amílcar Cabral
Proveniente da Guiné-Bissau, o artista Ângelo Torres apresentou um monólogo intitulado “Amílcar Geração”, uma peça que visou destacar e relembrar os feitos do político e nacionalista guineense Amílcar Cabral, um dos co-fundadores do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
O grupo brasileiro Teatro Nú seria uma das grandes novidades desta edição, programado para exibir a peça “Os Javalis”, mas este, por motivos de força maior, acabou por desconfirmar, à última da hora, a sua presença no festival internacional de teatro e artes de Luanda.
No penúltimo dia, o grupo anfitrião (Elinga Teatro) entrou em cena, reestreando uma das suas históricas peças “Navita, a filha amaldiçoada”. O texto da peça foi vencedor da primeira edição do prémio de escrita para teatro “José Mena Abrantes”, realizado no ano passado, em Luanda, enquadrada no Circuito Internacional de Teatro (CIT).
Já o dia de festival ficou reservado para o grupo nacional Bimphadi que exibiu a peça “Imbi” e para o encendor, actor e contador de histórias, Beto Cassua, prestigiar os presentes com sua singular performance, apresentando um Stand up moment intitulado “Sou feio”.
36 anos de Elinga Teatro
A presente edição do Festival Internacional de Teatro e Artes de Luanda visou celebrar os 36 anos de existência do Elinga Teatro, um dos mais antigos colectivos teatrais da capital do país, fundado a 21 de Maio de 1988 por José Mena Abrantes.
Actualmente, sob liderança de Anacleta Pereira “Nani”, o grupo, que nasceu do desafio de encenar a obra de romance “Revolta da Casa dos Ídolos”, de Pepetela, tem procurado difundir, divulgar e expandir o teatro feito e em Angola e as artes no geral, promovendo intercâmbios entre grupos nacionais e internacionais através da realização de festivais e eventos similares.
Segundo Anacleta Pereira “Nani”, que também é porta-voz do Festival, o evento tem servido de janela para a promoção do teatro nacional e espaço de partilha de experiências no domínio das diversas disciplinas artísticas, com realce para o teatro, entre os grupos nacionais e internacional.
“É fundamentalmente esta partilha de experiências, este intercâmbio no domínio das disciplinas artísticas, com foco no teatro, que o festival se propõe desenrolar em todas as suas edições, cada uma com a sua particularidade em função da programação específica”, explicou a responsável.
Nani sublinhou a componente educativa e de conscientização da sociedade, por meio do teatro, como um dos pontos chaves que o festival procura se focar e materializar em cada edição.
Vale realçar que a edição passada realizou-se de 20 a 28 de Maio e rendeu homenagem ao actor Virgílio António, um dos mais antigos membros do Elinga Teatro, destacando o seu contributo nas artes cénicas, área na qual se dedica inteiramente desde 1994.