Os cincos grupos convidados para o carnaval de Luanda, Maringa, Tchacuthacu, Ovinjenje, União Mutide e Bravos da Vitória, das províncias de Lunda Norte, Cabinda, Huambo, Cuanza Sul e Benguela vibraram com o público, ontem, na Nova Marginal de Luanda, com os seus ritmos e danças populares.
POR: Antónia Gonçalo e Augusto Nunes
O primeiro grupo a desfilar foi o Maringa, exactamente às 16 horas e 30 minutos, com um elenco composto por 78 foliões, apresentou quatro tipos de dança, Nassokomuna, Tianda, Cthiala e Macobo respectivamente, com as indumentárias correspondentes, em representação da província. Segundo o coreógrafo do grupo, Pedro Santana, por se tratar de um evento em que representaram a província, convidaram membros dos grupos Tianda e Cthiala para fazer parte da festa. “Foi uma iniciativa louvável, unir as cincos províncias para participar no principal carnaval do país. Hoje estamos nós e provavelmente nas próximas edições estarão outras províncias”, ressaltou.
Apesar de enaltecer o entrosamento cultural, o coreógrafo sublinhou que é complicado realizar um carnaval nacional, em razão das diferenças culturais que caracterizam as regiões do país. Em seguida apresentou-se o grupo Cthiacucthiacu, com 80 integrantes, através das danças tradicionais Mayeye e Mereng, que apresentou o ritual da circuncisão e o rito de iniciação da mulher, em que a mesma é preparada para a vida adulta e a ser mulher. Os instrumentos musicais utilizados foram o batuque, apito, reco-reco e o chocalho. O presidente do grupo, António Fé, enalteceu a iniciativa que proporcionou a troca de experiências entre os grupos. O grupo Ovinjenje da província do Huambo, com igual número de membros, apresentou um esquema de dança mista folclórica, o Semba e o Olomdongo.
O representante do grupo, Francisco Tchisicola, entusiasmado com o evento, realçou que a participação do grupo ultrapassou as expectativas, e apelou ao Governo Provincial de Luanda e o ministério da Cultura a prosseguirem com a iniciativa que visa unir o país culturalmente. Por sua vez, o grupo União Muteda, do Cuanza Sul, apresentou um esquema coreográfico com 70 integrantes em representação da mulher rural, como ponto de partida para o desenvolvimento económico do país. A secretária do grupo, Florinda Caetano, afirmou que o grupo optou por este tema pelo facto de representar o caminho a seguir para o desenvolvimento sócio-económico do país.
“A mulher rural é o forte do país, para alavancar os problemas que enfrentamos actualmente, a crise económica”, apontou. Quanto à participação do grupo no entrudo, ao contrário do grupo Maringa, referiu que a iniciativa vai impulsionar o Ministério da Cultura a realizar o Carnaval Nacional. O grupo Bravos da Vitória da Catumbela foi o último a desfilar, que igualmente homenageou a mulher rural. Segundo a representante do grupo, Isaura dos Santos, “nós falamos da mulher rural, do seu papel na sociedade, aquela que trabalha, mas também cuida da família”, apontou. Realçou ainda que, para além do referido tema, apresentaram aspectos sobre a união do carnaval e das culturas.
Grupos competitivos levam foliões ao delírio
Milhares de foliões assistiram ontem, Quarta-feira, na Nova Marginal, o desfile competitivo da 40ª edição do Carnaval de Luanda. Um espectáculo que foi antecedido pela exibição de cinco grupos carnavalescos provenientes do Huambo, de Benguela, do Cuanza Sul, da Lunda Norte e de Cabinda, respectivamente. Doze grupos carnavalescos da Classe A colocaram à prova as suas aptidões diante do grande público, exibindo coreografias e fantasias distintas. Umas melhoradas e outras nem tanto, mas com a intenção de conquistar o título. Sob o olhar atento do Presidente da República, João Lourenço, da Primeira Dama, Ana Dias Lourenço e de outras personalidades, o grupo União Geração Sagrada, da Samba, foi o primeiro a desfilar ao som da canção “homenagem às mamas quitandeiras” (semba), interpretado por Domingas Ferreira, ao que se seguiu o União Kabocomeu do Distrito Urbano do Sambizanga, com a tradicional Kazucuta.
Apesar de algum chuvisco no local, os foliões não se deixaram intimidar e permaneceram nos seus lugares, enquanto aguardavam atentamente pela passagem dos grupos dos seus bairros. Já quando desfilava o lendário grupo União Kiela do Sambizanga, a presença de São Pedro parecia ganhar um pouco de espaço, pese embora aos soluços. Escassos minutos depois, intensificou- se até cair torrencialmente, tendo o espectáculo sido adiado para o próximo Sábado. Até à altura em que efectuávamos este trabalho, todo o serviço técnico foi interrompido. O Jornal OPAÍS vai abordar o assunto com maior profundidade na próxima edição.