Alguns grupos carnavalescos, em Benguela, defendem a necessidade de se inverter o cenário de atraso que se tem verificado na preparação da festa do entrudo e voltam a colocar acento tónico na questão dos apoios. Apesar dessa condicionante, grupos, Governo Provincial e outros agentes culturais andam de mãos dadas nos trabalhos tendentes à realização exitosa da maior manifestação cultural do povo angolano, embora tenham reclamado da exiguidade dos recursos financeiros
Os preparativos para o carnaval edição 2024 decorrem a bom ritmo. Por essa altura, administrações municipais, Governo Provincial, assim como grupos carnavalescos vão limando as últimas arestas para o entrudo.
A Comissão Provincial de Preparação de Carnaval considera prematuro referirse já a números – tanto em termos de participação quanto em prémios – mas assegura estar a ser tudo acautelado.
Enquanto isso, os grupos empenham-se na mobilização de mais membros para a festa do entrudo, que promete parar o país, em geral, e a província, em particular, a partir de 12 do mês em curso.
Irina da Silva, a responsável do grupo Bloco Amarelo, afirma que os ensaios decorrem a ritmo bastante acelerado, mas lamenta o facto de muita gente manifestar-se tímida para desfilar, embora tenha potencial para o efeito. “Ainda temos alguns dias, tenho esperança de ter mais gente no grupo.
Ainda temos pessoas com vontade de desfilar, mas com alguma timidez”, aponta. A responsável salienta que, até à presente data, o grupo não recebeu nenhum tipo de apoio das autoridades e tem estado a se desenvencilhar com os parcos recursos obtidos graças aos apoios de algumas entidades.
Irina aponta, de entre outras dificuldades, a falta de recursos para a compra de tecidos, trailer para alegoria e lembra que, em todos os desfiles, se têm valido de apoio de terceiros.
“Nunca desfilamos com 100% de apoio, mas sempre ajuda”, reclama, sinalizando que, em termos financeiros, para realizar um carnaval desejado, o grupo precisaria de, no mínimo, cerca de 3 milhões de kwanzas e está esperançada de que reunirá tais condições financeiras. “Mas, estimamos, para este carnaval, aproximadamente 2.980.000,00 kz”, aponta.
Por sua vez, o responsável do grupo carnavalesco Cavaco Verde, da Zona F de Benguela, Martinho Raúl, reprova aquilo a que chama de preparação do entrudo “em cima do joelho”, o que não abona o carnaval, porque um ou outro pormenor acaba sempre por ser esquecido.
Raúl salienta que os preparativos do grupo de que é responsável começaram em Setembro de 2023, daí que considere ter o mínimo de que precisam para um bom desfile.
“É o que se aconselha aos grupos. Os grupos devem trabalhar o carnaval quanto mais cedo melhor, porque os recursos estão escassos e não é num abrir e fechar de olhos que se abre a porta para obter apoios financeiros”, sustenta.
Cavaco Verde, vencedor da edição de 2023, é um dos que vão para o desfile provincial, representando o município de Benguela e diz ter recebido garantias de apoio por parte da Administração Local.
“Estamos a envidar esforços no sentido de convencer, solicitar os nossos empresários locais para que nos possam ajudar e ver se conseguimos ter maior classificação no desfile provincial. É uma responsabilidade grande e isso acarreta muitos custos.
Valor de premiação ainda incerto A directora do Gabinete Provincial da Cultura, Rosária Tchitali, considerou, numa curta declaração a O PAÍS, ser ainda prematuro falar em números, mas assegura apenas estarem a ser criadas condições para a festa da maior manifestação cultural do povo angolano.
A governante dá conta da promoção de uma acção formativa, ocorrida recentemente, visando capacitar líderes carnavalescos em que intervieram especialistas em matéria de cultura.
“Queremos evitar reclamações. A Comissão Provincial está a criar todas as condições possíveis. Estamos a falar líderes de grupos, mas de momento não é possível avançar os prémios.
Nessa altura, não há muito por avançar, porque as comissões municipais também estão a fazer o seu trabalho”, realçou a também coordenadora adjunta da Comissão Provincial do Carnaval, que tem à cabeça a vice-governador para o sector Político, Social e Económico, Lídia Amaro.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela