A homenagem do grupo, que recebeu por parte da Sociedade Mineira de Catoca um prémio de sete milhões de kwanzas, deve-se ao seu contributo na preservação, valorização e divulgação da cultura Tchokwe, desde 1985.
O agrupamento não só revolucionou, utilizando instrumentos modernos, o estilo de música tradicional txianda, como o fez também com a txissela, candoa, kassekumuna, munema e a macopo, utilizadas para grandes cerimónias e festas, com realce para a entronização do rei do povo Lunda e para os rituais da mucanda e ukule/kafundeji (circuncisão).
O grupo foi fundado em 1985, na localidade de Chicapa, Kinshasa, e integravam os músicos Bidjó, Chadedé, Gizela, Kalembwelembwe (guitarristas) Cirisse Nhady, Rei Da Costa (vocalista), Mbanvu Maxesse. Igualmente Carioca, Eduardo Wanga (vocalista), Soreme Kacale (vocalista), Txinguri Pepé (percussionista), Bob Camará (bailarino), Djocamy, Chawalela (bailarino), Mena e Nalupupa (bailarinas).
Primeira actuação no país
Em 1987, o agrupamento vem actuar pela primeira vez em Angola, na província da Lunda-Norte, quando convidados pelo governo local para actuar numa feira.
Dez anos depois, em 1997, regressa definitivamente em Angola, sem o fundador Bidjó, já falecido, e se instala em Saurimo, província da Lunda-Sul, tendo, neste ano, lançado a primeira obra discográfica intitulada Mussendo waha (amizade nova) e, dois anos depois, lançado o segundo álbum “Inhengo” (lamentações).
Ao se instalar em Angola, o agrupamento incentivou o surgimento de vários outros músicos a fazerem o mesmo estilo, já com instrumentos modernos. Apesar de utilizar nas suas músicas instrumentos modernos, o agrupamento nunca se desviou do ritmo original do folclore tchokwe, que, até 1985, os sons eram produzidos apenas pelos ngomas (tambores/batuques), puita, cariaria, txikuvu, entre outros instrumentos tradicionais.
Denominação do conjunto
O nome do conjunto significa: Salvaguardemos a nossa autenticidade, seguindo sempre a arte Lunda Tchokwe. Na produção musical deste conjunto, o som da guitarra baixo e ritmo, por exemplo, fazem uma imitação perfeita do ngoma, principal instrumento musical na tradição cokwe e da cariaria.
A demonstração dos rituais cokwe, através das danças associadas à encenação, bem como a presença dos akichi (palhaços) no palco, dominam os show’s deste agrupamento fundado na República Democrática do Congo (RDC) em 1984.
A homenagem marca o regresso ao palco do grupo, após o falecimento de Bidjó, Eduardo Wanga, Chadédé, Rei Da Costa, principais referências do conjunto.
O festival Ngeya
Com financiamento da Sociedade Mineira de Catoca, tem a coordenação artística do músico Gabriel Tchiema e visa a divulgação, preservação e valorização da cultura, servindo igualmente de incentivo e promoção do trabalho dos fazedores de parte da região.
De igual modo, promover o diálogo cultural entre diferentes gerações, com o objectivo de se encontrar soluções para o resgate de alguns hábitos e costumes do povo cokwe, em risco de extinção, bem como atrair artistas de outros pontos do país e da África.
Apesar de não possuir carácter competitivo, o Ngeya atribui a quantia de um milhão de kwanzas a cada grupo participante. O projecto foi lançado em Junho de 2022, na província da Lunda-Norte. A primeira edição aconteceu no ano passado. Este ano, a segunda edição, acontece sob o lema “Unindo culturas’’.