A homenagem, segundo a organização, tem como objectivo destacar o contributo do escritor na promoção e valorização da literatura nacional, em particular à poesia, assim como partilhar com os mais jovens os ensinamentos do autor por meio das suas obras.
A par da exaltação do contributo do autor, a homenagem será centrada por uma sessão de partilha e reflexão sobre duas obras de poesia de Fragata de Morais, nomeadamente “Batuque Mukongo”, publicada em 2012, e “Sumaúma”, publicada em 2005.
Sobre estas obras, de acordo com Clodovil Henriques, porta-voz da Fundação Arte e Cultura, estarão centradas as discussões e pequenos debates literários, onde o autor poderá contar, na primeira pessoa, um pouco sobre cada uma delas e partilhar suas experiências e conhecimentos em torno do vasto mundo da literatura.
Durante a ‘conversa’, os presentes terão a oportunidade de apresentar questões, curiosidades ou pontos de vista sobre os livros e o que puderam aprender com os mesmos.
Recital de Poesia
Como habitual, segundo a programação, o ponto mais alto da noite será o momento de recital de poesia, no qual vários jovens poetas vão subir ao Palco do Wyza Anfiteatro para brindar os presentes com poemas extraídos dos respectivos livros em reflexão.
Tais actuações vão ter como protagonistas os poetas e poetisas Kahungu Santana, Nádia Dias, Francisco Vidal, Poeta Gago, Ndira Sousa, Bellie Solitário, Higino Andrade, Agícia Nayole, Catila Rayna e Poeta Saride.
O momento de recital é, de acordo com a organização, um “acto sagrado” em que os poetas e poetisas são colocados à prova e testadas as suas capacidades de improvisos e domínio lírico, pelo que, só naquele instante, ficarão a saber qual dos poemas que serão desafiados a apresentar. Além de poesia, o evento contará ainda com actuações musicais de Deny Moreira e António Morango.
Projecto visa promover a literatura e poesia na comunidade
Realizado às últimas quartas-feiras de cada mês, o maior propósito do projecto “Noite de Poesia” é de promover a literatura e a poesia no seio da comunidade, procurando despertar o gosto e hábito de leitura nos jovens e adolescentes da zona da Ilha de Luanda, de acordo com Clodovil Henriques.
Com entrada gratuita, além de promover a literatura, por meio da poesia, o evento procura também congregar outras artes performativas, com o objectivo de estimular o gosto pelas artes de modo geral e dar “espaço” aos artistas promissores.
Quanto às homenagens, Clodovil explicou que elas visam distinguir artistas, escritores e individualidades que têm dado significativos contributos para o desenvolvimento das artes, da literatura e da cultural nacional de modo geral.
Disse que a selecção dos homenageados é feita com base numa série de requisitos previamente analisados pela coordenação do projecto, tendo em conta o contributo da pessoa em causa e os objectivos da edição a ser realizada.
“Procuramos convidar escritores cujas obras despertam a nossa atenção e reúnam as condições para serem apreciadas e recitadas, no intuito de estimular um pouquinho mais a literatura no seio da comunidade da Ilha do Cabo”, ressaltou.
Sobre o Homenageado
Nascido a 16 de Novembro de 1941, na província do Uíge, Manuel Augusto Fragata de Morais é um conceituado político e escritor angolano, com mais de 50 anos de experiência no mundo da literatura.
No mundo das artes, começou no teatro, como actor, encenador e dramaturgo, nos tempos de estudante em França e Holanda (década de 1960 a 70).
Depois da independência, foi vice-ministro da Educação e Cultura, secretário-geral do Conselho Nacional de Comunicação Social, presidente da Comissão Directiva da União dos Escritores Angolanos, além de seguir a carreira diplomática.
Com uma vasta carreira entre a política e a literatura, com passagem pela comunicação social e cinema, frequentou a Universidade Internacional de Teatro em Paris e a Academia Holandesa de Cinema.
Obras Publicadas
Conta com dezenas de obras publicadas, entre as quais destacam-se “Terreur en Verzet” (1972), “Como iam as velhas saber disso” (1980), “A seiva” (1995), “Inkuna minha terra” (1997), “Jindunguices” (1999), “Momento de ilusão” (2000), “Amor de perdição” (2003), “Antologia panorâmica de textos dramáticos” (2003), “A sonhar se fez verdade” (2003), “A prece dos mal-amados” (2005), “Sumaúma” (2005), “Memórias da ilha” (2005), “O Fantástico na prosa angolana” (2010), “Batuque Mukongo” (2012), “A Visita” (2014), “Estórias para Bem Ouvir” (2015), “A Dança da Chuva” (2015), “Os ventos ao Sul” (2020) e “Contos de Samuel Astro” (2020).