Com o mesmo tema “Arquivos Permanentes em Papel”, mas mostras individuais, os artistas Francisco Vidal e Nelo Teixeira inauguram hoje, 16, a partir das 18:00, as suas mais recentes criações no Espaço Luanda Arte (ELA), que deverão estar patentes até ao dia 05 de Abril.
De acordo com o director-geral do ELA, Dominick A Maia Tanner, as obras de arte em Angola (como em todo o mundo) servem como arquivo da sociedade, espelhando a sua memória e a sua identidade.
Nesse sentido: “o ciclo de vida dos documentos é o elemento que forma o pano de fundo para as intervenções arquivísticas e divide os arquivos de acordo com as fases activas, semi-activas e inactivas dos documentos denominandoos, respectivamente, “corrente, intermediário e permanente ou de 1ª idade, 2ª idade e 3ª idade”, apontou. Entretanto, Francisco Vidal é mais conhecido pelas suas pinturas e desenhos, que reúnem cores e padrões ousados em papel ou tela feitos à mão, muitas vezes lado a lado para criar instalações.
O trabalho do artista combina várias influências estéticas, incluindo cubismo, tecidos africanos com impressão de cera e cultura hip-hop dos anos 1980, bem como grafite contemporâneo e arte de rua.
Por sua vez, Nelo Teixeira cria pinturas e instalações únicas a partir de diversos materiais, como papel, madeira, tecido e outros objectos encontrados que constituem o lixo da cultura de consumo da sociedade contemporânea.
A reutilização destes materiais funciona como uma referência directa à cultura e tradição do seu próprio país onde é comum ver a incorporação de objectos encontrados em locais incertos mas também a novos ritmos culturais e vozes sociais dissonantes.
Neste contexto, sucatas, praias e ruas são entendidas como ambientes a serem pesquisados e explorados e, simultaneamente, como fonte de matérias-primas, onde os artistas fomentam e desenvolvem um conceito de “moldura” que “dessacraliza” o objecto de arte.
Partindo desta compreensão da paisagem urbana como enquadramento visual e conceptual, Nelo Teixeira explora criticamente o conceito de fronteiras físicas e psicológicas entre a Chicala (gueto urbano) e a cidade em construção, questionando o seu desenvolvimento.
De salientar que os dois artistas representaram o país e expuseram no Pavilhão de Angola na 56ª Bienal de Veneza em 2015.
O ELA é um espaço de arte contemporânea com mais de oito anos de existência e, após dois anos de fecho devido à pandemia por conta da Covid-19, reabriu as suas portas ao grande público em 2022 no armazém Cunha & Irmão SARL / ex-Escola Portuguesa.