O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, visitou ontem o músico e compositor, Elias Dya Kimuezo, na sua residência, na Urbanização Nova Vida, em Luanda, a fim de constatar o seu estado de saúde
Depois de ter comprovado o bom estado de saúde de Elias, o ministro apelou aos artistas a visitarem-no mais vezes, como forma de proporciona-lo momentos de diversão e descontração, através da música e outros instantes que possam surgir.
“Nós, os músicos, devemos procurar ser mais solidários com o nosso amigo e colega mais velho.
Procurar visitá-lo mais vezes e distraílo, trazer um instrumento, tocar, conversar com ele, porque isto é que dá vida ao músico”, apelou o dirigente da cultura no país.
Segundo o ministro, que considera Elias como uma referência musical e cultural do nosso país, era imperioso realizar esta visita, já que se trata de um músico da terceira idade, com 87 anos.
O também músico e compositor disse sentir-se satisfeito com o tratamento que o “rei da música angolana” recebe por parte da esposa. “E, claro que não podia deixar de ser, porque é próprio com a idade que tem, é natural.
Todos nós havemos de chegar nesta idade. Eu não sei se chegarei lá, mas para quem tem 87 anos, eu acho muito bom: está rijo, levantou-se”, contou o ministro.
Explicou ainda que se tratou de uma visita de cortesia ao músico, que considera como um amigo, colega de profissão.
Que durante algum tempo, como associados da União Nacional dos Artistas e Compositores – Sociedade de Autores (UNAC-SA), os dois, e mais outros, estão na base da UNACSA, na sua origem, na altura, no Museu de Historia Natural, onde criou-se a mesma.
Filipe Zau aproveitou o momento de pausa, das suas funções, depois de ter saído do Palácio Presidencial, para visitar o mais velho Elias.
“Penso que sempre que houver possibilidades hei-de voltar aqui, prometi voltar aqui para estar com ele, para tocarmos um bocadinho, mas esta não é uma visita oficial, eu não faço visitas oficiais a colegas”, assegurou.
O músico
A carreira de “Elias Dia Kimuezo” começou em 1950 no “Ginásio”, Sambizanga, onde aos 12 anos aprendeu a falar Kimbundu com a avó, após a morte dos pais, mas foi no Marçal, em Luanda, que nasceu aos 02 de Janeiro de 1936.
Seis anos mais tarde, Elias Dya Kimwezo aparece como intérprete e tocador de bate-bate, integrando o conjunto Kizomba.
Nesta época funda o Dikindus, constituído por operários fabris, destacandose como vocalista principal.
Na sequência dos êxitos conquistados, ligou-se à editora Valentim de Carvalho, com a qual gravou três LP, com destaque para “Etiqueta Angola”, em que participaram Rui Mingas, Teta Lando e Barceló de Carvalho “Bonga” e cinco singles.
Nos anos 70 gravou um LP com a editora Rebita e um outro no Brasil. Em 1974, criou um dos maiores agrupamentos musicais da época: o Kissanguela.
Sempre preocupado com a essência da música angolana, Elias Dya Kimwezo possui uma escola de música por detrás da sua residência.
Em 2015, a vida e o percurso artístico do músico foi objecto de homenagem em livro. Intitulado “A Biografia de Elias Dya Kimuezo, a voz e o Percurso de um Povo”.