Em conversa com o jornal OPAÍS, os profissionais, entre músicos, estilistas e jornalistas, fizeram um balanço das suas carreiras e a apresentação de projectos que pretendem realizar no próximo ano.
O músico e compositor Euclides da Lomba disse que o Natal representa mesa cheia, com toda família reunida, desde os pais, irmãos, primos, tios, avós, entre outros. Apesar do facto, o músico referiu que até bem pouco tempo o Natal deixou de ter aquele vigor, porque nunca mais conseguiram fazer o mesmo ritmo de antes. Isso por ter ’perdido’ pessoas muito especiais, como a sua querida mãe, que era a organizadora principal deste evento que acolhia toda família em sua casa.
“Deixa um conselho muito pro- fundo, para aquelas pessoas que ainda têm os pais em vida, e os irmãos mais velhos, que possam respeitar os mesmos, aproveitar este momento porque a família é e será sempre o ponto de partida e de chegada”, aconselhou.
Euclides da Lomba
Considera ainda importante que os filhos se sintam também agraciados nesta época natalina, que no fundo torna-se um agradecimento pela vida. Apesar de algumas pessoas terem perdido os seus ente queridos, que partiram para outra dimensão, lembram que lhes foi dada a responsabilidade de honrar com dignidade a todos, através da união familiar, principalmente nesta época do ano.
Para si, há sempre aquela sentada com uma comida especial, onde nos tempos passados era a rabanada e outros pratos típicos da terra, o momento da troca de presente, entre outros, em que se deve prestar maior atenção às pessoas que são queridas. “As famílias devem abraçar e aproveitar estes momentos porque ficam marcados para sempre na vida de cada agregado, assim como os marcam até hoje.
Acreditem que amar é muito mais fácil que odiar, este é o momento da irmandade, solidariedade e de mostrarmos as pessoas que nos são muito queridas”, avançou, tendo ainda considerado também importante o sentimento de solidariedade para com a população mais vulnerável.
Celebrar o nascimento de Jesus Cristo
A cantora Selda disse que este ano vai passar o Natal em casa, com a família. Para si, que é cristã, o Natal representa a celebração do nascimento de Jesus Cristo. “O Natal é um momento de reflexão sobre o nascimento de Jesus Cristo e a união entre as famílias.
Por isso, as pessoas devem passar este grande momento com a família e aquelas pessoas que amam, independente de terem ou não um vínculo de sangue, porque o conceito de família vai além de laços sanguíneos“, disse.
Devido às dificuldades económicas que muitas famílias enfrentam nos dias actuais, a rainha dos pés descalços aconselha às mesmas a evitarem gastos excessivos e desnecessários, por formas a evitarem situações constrangedoras no próximo ano.
“Aconselho toda população, no sentido de tomar maior prudência nesta época e caminhar com o lema ‘se beber, não conduza e, se conduzir, não beber’. Nesta altura também acontecem muitas tragédias e deve-se evitar causar problemas, porque todo cuidado é pouco”, apelou.
Quanto ao ano em curso, relativo ao seu trabalho, disse que teve muitos trabalhos, entre espectáculos, tendo garantido a existência de novos projectos para o próximo ano, sem avançar mais detalhes.
Data memorável e contagiante
Por sua vez, o jornalista do si- te Notícias de Angola, Hamilton Victor, referiu que o Natal é uma época memorável e contagiante, onde é realizada a ceia que contará com a presença da família, toda reunida, desde os pais, ir- mãos, primos, tios, sobrinhos. “Será um barulho muito saudável!
Tudo está a ser organizado ao pormenor, com os detalhes necessários para que seja melhor do que nos outros anos”, sublinhou. Para a jornalista Joana Cahungula, apesar de o Natal representar a união familiar, defende maior comunicação entre os agregados, independentemente da fase do ano, por formas a garantir um relacionamento saudável todos os dias que transcenda o mês de Dezembro.
“Não podemos apenas esperar o momento da quadra festiva para sentirmos e partilharmos o nosso afecto de amor, carinho, solidariedade com os nossos irmãos, pais, sobrinhos e a quem for que seja da família. Que a quadra festiva não seja o motivo real desta manifestação de amor, mas que esta atitude, decisão de amar o nosso próximo, seja um exercício diário de cada um de nós, e cada pessoa. Exercitar o perdão, paciência, humildade e mansidão”, realçou.
O Natal sem grandes mudanças
O produtor de eventos, Plácido Lopes, disse que para a sua família o Natal é apenas mais um dia, normal, desde que tenham saúde, a gente segue em frente. Não têm feito mudanças radicais em termos de gastos porque não sabem o que se espera amanhã. E a festa tem sido realizada sempre em casa.
Ceia de Natal fora de casa
Diferente dos demais, a estilista Dina Simão disse que este ano optou por fazer um momento de Ceia de Natal diferente em relação aos anos anteriores. Nesta quarta-feira, 25, a Ceia de Natal será realizada na Ilha do Mussulo, na praia, com toda a família e amigos próximos.
Para a estilista, a família não é apenas constituída por laços sanguíneos, mas também os amigos verdadeiros e outras pessoas especiais. A profissional considera importante envolver as crianças neste espírito natalino, no ambiente de amor, animação e recordação da árvore genealógica da qual são descendentes, para que possam dar continuidade aos hábitos, costumes e tradição que vêm passando de geração à geração.
No momento da ceia, disse, procuram reflectir sobre o nascimento do Messias e a importância do presépio, mas também passar educação e informação para as crianças sobre o significa- do das cores do Natal, das coisas que se têm na mesa, bem como o respeito que se deve ter com os outros.
Disse que não pode faltar, neste dia, a decoração e o alimento que se coloca à mesa, como o bacalhau, a rabanada, o arroz doce, fruta, água, sumos naturais e grelhados. “O Natal é um momento mágico, onde a família fica reunida à volta de uma mesa.
Há conversas saudáveis, com muito bom humor, para puxar pela felicidade, boa disposição e também recordar pessoas da família que já não fazem parte do mundo dos vivos, mas que nos deixaram um legado e saudades, aquele tio, primo, ou amigos, em memórias, que foram muito importantes em nossa vida e nos ajudaram a nos tornarmos na pessoa que somos hoje”, disse.
A também mentora da marca ArtFashion referiu que pretendem abrir o baú de fotografias da família, para recordarem aquele avô que é parecido com alguém, que tinha um carácter e personalidade invejável, mas no final da noite jogar damas ou xadrez, para que toda família possa estar envolvida.
Como presente, procura criar sempre coisas artesanais para oferecer às pessoas, como um croché, entre outros utensílios, com o objectivo de deixar a sua marca na vida dos seus queridos. De igual modo, oferece livros para ajudar as pessoas a terem uma boa orientação social.
Nestes últimos dias que faltam para terminar o ano, aconselha a todos os angolanos no sentido de serem mais humanos e cuidarem bem das crianças para que este núcleo tão importante, que se chama família, continue a ser de prestígio e brilhante para que haja sociedades mais saudáveis.