Lubango, OndjivaCunene e Luanda serão os próximos destinos do Escritaria de homenagem a Pepetela, em Angola, em datas a anunciar
O escritor angolano Artur Pestana “Pepetela” começou esta Segunda-feira a ser homenageado em Benguela pelo evento Escritaria, um festival literário originalmente organizado na cidade portuguesa de Penafiel, que este ano se estreia, internacionalmente, informou a organização.
De acordo com a Câmara de Penafiel, a entidade organizadora, o evento vai estar patente durante 15 dias nas instalações do Instituto Piaget, em Benguela, mas vai percorrer, posteriormente, outras cidades angolanas.
Lubango, Ondjiva, província do Cunene e Luanda serão os próximos destinos do Escritaria de homenagem a Pepetela, em Angola, em datas a anunciar.
O escritor foi convidado para a inauguração do festival, na sua terra natal, refere o município português, destacando o papel do Instituto Piaget nesta homenagem a Pepetela.
Ao longo de duas semanas, como aconteceu em Penafiel em 2018, Pepetela será desta vez homenageado com várias actividades, no campus do Instituto Piaget, com entrada livre.
O evento incluirá uma exposição composta por materiais semelhantes aos que habitualmente marcam o Festival Escritaria, na cidade portuguesa.
“Estruturas de exposição de grande dimensão, frases do escritor espalhadas por todo o lado, assim como materiais portáteis de literatura, como caixas de cartão, entre outros, fazem parte de um percurso de homenagem a Pepetela, em Benguela, que conta ainda com música, declamação de textos do escritor homenageado, entre outras iniciativas”, informa a organização.
O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, que vai estar presente na abertura, em declarações à Lusa, lembrou a edição dedicada ao escritor, em 2018, e destacou a “nova fase do festival Escritaria, já com 15 anos de existência, mas que se reinventa permanentemente, neste caso com a internacionalização pelos países de língua portuguesa”.
O autarca agradeceu ao escritor Pepetela, ao Instituo Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, e às autoridades locais, “que tornaram este primeiro passo uma realidade.” O presidente da Associação Instituto Piaget de Angola, Mário Rui Ferreira, assinalou que “copiar o Escritaria de Penafiel é tão só a obrigatoriedade de reativar e incentivar o prazer da leitura de um bom livro, em especial de bons autores da língua portuguesa”.
Como aconteceu em Penafiel em 2018, uma frase do autor, que foi Prémio Camões em 1997, será colocada em Benguela, a sua cidade natal, para assinalar o momento.
O homenageado
Pepetela, pseudónimo literário de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, nasceu em Benguela, a 29 de Outubro de 1941. Político e governante, Pepetela licenciou-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio.
Foi guerrilheiro do MPLA e professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda.
Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, Pepetela desempenhou os cargos de director do Departamento de Educação e Cultura e do Departamento de Orientação Política.
Foi membro do Estado Maior das Forças Armadas, da Frente Centro. De 1975 a 1982 foi vice-ministro da Educação, passando posteriormente a leccionar sociologia na Universidade de Luanda.
Obras publicadas
Grande parte da sua obra literária foi publicada após a independência de Angola.
Além de edições no Brasil e em Portugal, a sua obra tem sido traduzida e foi publicada em 15 línguas.
O escritor recebeu vários galardões nacionais e internacionais.
Entre as suas premiações destacam-se o Prémio Especial dos Críticos de São Paulo, em 1993, pela obra “A Geração da Utopia”, e o Prémio Camões – considerado o mais elevado em Língua Portuguesa, em 1997, pelo conjunto da sua obra.Entre as suas diferentes obras publicadas, destacam-se “As Aventuras de Ngunga” (1973), “Muana Pwó” (1978),
“A Revolta da Casa dos Ídolos” (1979), “Mayombe” (1980), “Yaka” (1985), “O Cão e Os Calús” (1985), Lueji (1989), Luandando (1990), A geração da utopia (1992), “O Desejo da Kianda” (1995), “Parábola do Cágado Velho” (1996), “A Gloriosa Família” (1997), “A Montanha da Água Lilás” (2000) e “Jaime Bunda, Agente Secreto” (2001).