O desfile de cada município ficou marcado com a demonstração de hábitos e costumes de localidades que as crianças representavam: do efikô à circuncisão, sem perder de vista aspectos relativos ao casamento tradicional.
Durante um longo período de tempo, o grupo de crianças de cada município e comuna, representada por escola, sujeitaram-se a pesquisas do porquê de nomes como Bocoio, Balombo, Benguela, Chongorói, Caimbambo, Cubal, Baía-Farta, Ganda, Babaera e não só e respectivas tradições e culturas predominantes destas municipalidades.
Na componente de feitiço do Dombe-Grande, uma espécie de centro místico da província de Benguela, as crianças deram a saber, em exibição, que esse mecanismo da cultura era usado, fundamentalmente, como forma de impor respeito e autoridade de mais-velhos, sobretudo dentro daquela comunidade, adstrita ao município da Baía-Farta, de modo que o Dombe-Grande, até hoje, seja considerada uma das regiões do país com mais práticas místicas, associadas à prática de feiticismo.
Os petizes ilustraram como é que são feitas as práticas como efikô, circuncisão, alembamento – do okulomba (casamento tradicional) – , assim como as condições impostas pelas figuras intervenientes como o tio, tia, ndjendje kulu (uma espécie de voz autorizada, a quem cabe o remate final para cada reunião de alembamento ) e ulonga (saudação tradicional), de entre outras práticas criteriosamente ensaiadas e, competentemente, apresentadas para mais de mil almas presentes no campo Recreativo do Cubal, bem no coração do município.
As crianças apresentaram, igualmente, canções e danças todas a evidenciar a peculiaridade de cada município e comuna. E o público presente aplaudia e admirava a genialidade com que as crianças exibiam os hábitos, usos e costumes e a forma como se entranharam neles.
O júri foi composto por três elementos, entre agentes culturais e um soba-grande, que, atentos, observavam os rituais expostos.
Entretanto, os resultados ainda não foram anunciados, devendo ser feito nos próximos dias, porque o corpo de jurado diz ter encontrado dificuldades para atribuir o título, sendo certo que, como sublinhou a sua presidente, Idalina do Rosário, cada um “tinha, na sua bagagem, a vitória”.
A responsável elogia a performance cultural de cada grupo. De entre outros critérios a se ter em conta na hora de classificar, ressalta-se, fundamentalmente, a canção, forma de dança e o tipo.
De acordo com Rosário, a que ter igualmente em conta a forma que cada grupo de crianças interpretou e entregou-se.
“Em suma, nós tivemos aqui um bom desfile. Os grupos souberam mesmo interpretar bem aqui a nossa cultura. Sentaram com os mais-velhos para eles ensinarem aspectos sobre a cultura das suas localidades. Estão de parabéns as crianças por isso”, considera.
Por sua vez, a directora provincial do Instituto Nacional da Criança, Rosa Francisco, salientou que as crianças demonstraram que reservaram parte considerável de tempo a conversar com mais-velhos de quem absorveram aspectos inerentes importantes à cultura de cada região.
“Está de parabéns o município do Cubal e esse gesto pode até ser considerado o celeiro da cultura em Benguela”, refere, ao considerar que iniciativas dessa natureza enaltecem, de certa forma, a cultura, na medida em que nem todos adultos dominavam parte de conteúdos expostos pelas crianças durante o segundo desfile cultural. “As crianças, hoje, demonstraram que são verdadeiras amantes da cultura.
A interacção que houve aqui entre escolas pode ser passada para outras”, considerou a directora, tendo apelado para mais envolvimento de administradores municipais em actividades como aquela. “Estamos a ver que o administrador do Cubal é verdadeiro amigo das crianças”, remata.
O administrador municipal do Cubal, Paulino Banja, procurava por um momento para estar mais próximo das crianças e puder proporcionar a elas momentos de interacção e recreacção, pelo que teve no segundo Festival Cultural Infantil o meio por via do qual pensou materializar tal pretensão.
Pena não dispor de mais condições, sobretudo de ordem financeira, porque a intenção da Administração Municipal do Cubal, conforme disse Paulino Banja, era dar “mais e mais coisas às nossas crianças, mas vamos continuar a trabalhar para isso”, assegurou o governante.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela