A programação do evento, que termina no domingo, 13, prevê a exibição de cinco longa-metragens africanas inéditas no país, que apresentam a trajectória de mulheres africanas em contextos e situações desafiantes, com a questão da pobreza em comum, num sentido amplo.
Nestes dias, serão exibidos os filmes “Xale – As Feridas da Infância”, do realizador Moussa Absa; “Felicité”, de Alain Gomis; “Virgem Margarida”, de Licinio Azevedo, “Kutchinga”, de Sol de Carvalho, “A Árvore sem Frutos”, de Aïcha Mackis.
Estes profissionais são provenientes de países como Senegal, Alemanha, França, Bélgica, Líbano, Moçambique, Portugal, Costa do Marfim, Níger, entre outros.
No final de cada sessão, segundo a nota de imprensa enviada ao OPAÍS, seguir-se-ão momentos de debates estruturados com a contribuição de prelectoras com experiência em vários sectores, que vão comentar e, sobretudo, interagir com um público diversificado.
Esta interacção permite ao público expressar sensações e ideias de forma aberta e clara, de modos a serem analisadas e desconstruídas algumas dinâmicas socioculturais que perpetuam a injustiça social de género.
O Festival, que resulta de uma iniciativa do Goethe-Institut Angola, em parceria com o Ondjango Feminista, tem como foco principal a importância de se discutir os direitos das mulheres, criando espaços para debates sobre temas contextualmente relevantes e amplificando a voz das mulheres na luta pela conquista de oportunidades sociais.
Sinopses
“Xale – As Feridas da Infância”: narra a história de Awa, uma estudante de 15 anos, que vive feliz sua adolescência junto ao seu irmão gêmeo, Adama, que sonha em ir para a Europa. Quando a avó deles morre, seus tios Fatou e Atoumane prometem se casar para preservar a união da família.
“Felicité”: é uma mulher orgulhosa e independente que trabalha como cantora em um bar de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Sempre que ela sobe ao palco, parece deixar todas as preocupações de lado para ajudá-la. Relutante, Félicité aceita. “Virgem Margarida”: no ano de 1975, Moçambique torna-se um estado independente. O novo regime procura limpar as ruas da prostituição.
Assim, 500 prostitutas são enviadas à força para um centro educacional algures na selva, onde são obrigadas a aprender novas regras de convivência e a redescobrir o seu papel na nova pátria. “Kutchinga”: um gigolo é chamado a fazer sexo com uma viúva cujo marido acabava de falecer. É o expoente forçado da tradição moçambicana, Kutchinga.
Quando um homem perde a vida, a viúva tem de aceitar relações sexuais com o irmão mais velho do falecido. “A Árvore sem Frutos”: o documentário pessoal destemido de Aïcha Macky quebra o silêncio sobre um tema tabu na sociedade nigerina: o ostracismo enfrentado por mulheres casadas que não têm ou não podem ter filhos.
Falando sobre suas próprias lutas com a infertilidade – que no Níger é sempre atribuída às mulheres, nunca aos homens –Macky trabalha para quebrar o estigma em torno da falta de filhos e oferecer esperança a outras mulheres que sofrem em silêncio.