Trata-se de um festival de dimensão internacional, realizado anualmente em Luanda, com o objectivo de celebrar, promover e enaltecer o estilo musical Kizomba, género elevado recentemente a património cultural e imaterial de Angola, com o propósito de lhe dar maior notoriedade e destaque no panorama nacional e internacional, sobretudo a nível dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).
Para animar o público de Luanda e não só, num evento que reúne milhares de pessoas entre amantes, fazedores, críticos e apreciadores da kizomba, o festival trouxe em destaque artistas nacionais e internacionais com vasto repertório musical, todos voltados ao género musical em celebração, nomeadamente os angolanos Maya Cool, Érika Nelumba e Moniz de Almeida, os cabo-verdianos Beto Dias, Ana Lopez e Eunice Vieira, os afro-franceses Eric Virgal e Arry Diboulla e o são-tomense Juka.
Com as actuações a começarem por volta das 22 horas, a artista angolana Érica Nelumba foi a primeira a subir em palco, animando o público com vários temas que têm marcado a sua carreira nos últimos anos, entre os quais “diz porquê”, “arrependimento”, “filha de Deus” e “vem me amar”. Seguiu-se depois a cabo-verdiana Eunice Vieira, que brindou os presentes com os temas “sodade”, “bem amada”, “traição” e “curtição”.
Na sequência, veio a sua compatriota Ana Lopez, que vibrou com o público ao abrir o seu momento com o grande sucesso “nha príncipe”, que fez a multidão gritar de euforia. Ana Lopez animou ainda os fãs e apreciadores dos seus trabalhos com outros “hits” do seu repertório, cantando temas como “é bo kin kre” e “não foi por falta de aviso”.
Viagem ao passado musical
A seu estilo ousado, irrequieto e animado, o músico são-tomense Juka foi um dos mais aplaudidos e ‘cobiçados’ da noite. Com uma performance contagiante, num fato vermelho aceso e brilhante, Juka subiu ao palco com uma euforia que começou a impactar o público a partir dos primeiros minutos quando abriu o seu momento com o icónico tema “Allô Cherry”.
Dando uma pequena pausa de minutinhos para agradecer à organização do espectáculo e ao público angolano pelo carinho, o artista da ilha de São Tomé “chutou” de seguida os temas “Anglina”, “Juro que te amo”, “Sabina” e “Amiga”, temas que marcaram as mais de três décadas de estrada musical. Em palco, o artista desfilou os seus toques enquanto entoava os vários temas que lhe fizeram reviver os “anos de glória” do seu percurso musical, recordando que celebrou recentemente 31 anos de carreira com um concerto no seu país.
E como já era mesmo o momento de convidar o público a “viajar no passado”, recordando os grandes sucessos das décadas de 80, 90 e princípio de 2000, o espectáculo ganhou ainda mais “vida” e vibração quando o músico francês, Eric Virgal, subiu ao palco e abriu com o tema “Tendress Souplé”, levando o público à euforia.
Houve mesmo até quem jorrou lágrimas de emoção e de saudades dos anos 80 e 90. O músico afro-francês, de 71 anos de idade, dos quais mais de 50 dedicados à música, foi uma das figuras de maior destaque do espectáculo que procurou juntar artistas de diferentes gerações da kizomba para celebrar e enaltecer aquele estilo musical genuinamente angolano.
Com uma performance de curta duração devido à idade do artista e da sua condição de saúde, Eric Virgal esteve em palco por poucos minutos, entoando apenas alguns temas dos seus temas como “coupable”, “pe fé mwen la penn”, “Tendress Souplé”, e outros.
Outros artistas em destaque
Quando o tempo já se estendia para perto das duas da manhã, entraram em acção os músicos Maya Cool, Moniz de Almeida, o francês Arry Diboulla e o cabo-verdiano Beto Dias para dar sequência ao festival, entretendo o público com vários temas dos seus repertórios musicais.
Músicas, danças, alegria, euforia, nostalgia, saudades e um misto de emoções e sentimentos tomaram conta de grande parte do pessoal que esteve presente naquela que foi a quarta edição do Festival da Kizomba, organizada pelo empresário e produtor Nuno Monster.
De acordo com dados avançados pela organização, estima-se que o festival terá contado com participação de mais de 5 mil pessoas, num espaço vasto, ladeado de vários cenários acolhedores e convidativos.
Homenagem aos ícones da Kizomba
À semelhança das anteriores, nesta edição, o Festival da Kizomba procurou homenagear alguns artistas pelos seus indispensáveis contributos para a expansão e valorização da kizomba, quer no cenário internacional africano quer noutros continentes, em espacial na Europa Ocidental.
Na noite de sábado, os homenageados foram os artistas Luandino Carvalho e Ruca Van-Dúnem, num gesto que visou reconhecer e enaltecer o papel destas figuras na afirmação e promoção do movimento Kizomba em Angola que, posteriormente, se foi afirmando na diáspora, especialmente na Europa e na América do Sul. Recorde-se que, na última edição, o festival homenageou o músico, produtor e compositor Eduardo Paim, considerado “rei da Kizomba”.