Pouco mais de 25 artistas locais da província do Cuanza-Sul viram as suas esperanças reacendidas ao subirem ao palco do Festival Internacional da Música do Sumbe, conhecido como “FestiSumbe”, decorrido no último fim-de-semana, na marginal do Sumbe
Realizado agora sob assinatura da administração municipal, o espectáculo, que aconteceu nos dias 26 e 27 (Sexta- feira e Sábado), contou com a actuação de mais de 60 artistas provenientes de várias províncias do país, sendo mais de um terço residentes naquela província, um facto que, segundo os músicos locais, relança a esperança de muitos artistas daquela região que há muito anseiam (vam) por uma oportunidade para expor os seus trabalhos artísticos ao público nacional.
No primeiro dia, Velita Fonveira, no estilo kilapanga, fez as honras da casa ao abrir as actuações por volta das 21 horas, seguindo- se Bruna Folha, Filipe Lawave, e a kudurista Milily, que foi a artista feminina residente mais aplaudida da noite. Manera de Arraso, Nolasco do Rosário, os B-Dance, Mamoite Eliote, Valdemar Amandy e NJ, todos eles músicos residentes, também fizeram as honras, representando a província em grande estilo, levando o público à euforia.
Por volta das 22 horas, o músico Proletário, uma das grandes vozes musicais mais sonantes daquela província, apesar de residir em Luanda, brindou o público com os sucessos “Kimbombeya”, “Scania 111” e “As kizombadas” que levaram aquela vibrante multidão ao delírio, arrancando fortes aplausos e assobios das bancadas, em especial dos “kotas” que não pararam de acenar o músico tido como um dos grandes representantes da província no mercado musical nacional. Em gesto de retribuição, o artista fez uma vénia ao público e agradeceu pelo carinho e euforia que recebeu dos seus fãs e admiradores do seu trabalho.
“É um grande privilégio para mim, poder juntar-me a outros artistas e fazer esta festa da minha terra. Sinto-me muito satisfeito, porque para mim é sempre uma honra poder estar em contacto com a população da minha terra natal”, disse o músico em de- clarações à equipa de reportagem do jornal OPAÍS. Bem ao cair da noite, seguiram- se as actuações de outros músicos conceituados do mercado nacional, começando com Kristo que interpretou temas como “Na minha banda”, “No meu bairro” e “Astro da minha vida”. Com os sucessos “Meu vício” e “Tatuagem”, Telma Lee veio a seguir e arrancou fortes aplausos e acenos do público, em especial dos jovens e adolescentes.
Livongue, Bessa Teixeira, Baixinho Requintado, Agela Ferrão, Mi- guel Buila, Halison Paixão e Kanda foram os artistas que também se fizeram ouvir naquele palco que, em momento nenhum, ficou vazio e sem vibração do público. Quem também não ficou de parte da festa foi o artista Rei-Mix, vocalista do grupo Kumbi Lixia proveniente do município da Quibala, que levou ao palco a música e a dança folclórica daquela região do país.
“O grupo já habituou o público
Com boa música folclórica, representando as nossas raízes, e neste festival viemos, senão mais, reforçar a nossa marca e mostrar ao povo do Sumbe e do Cuanza Sul, em geral, que a província tem potencial para competir nos palcos nacionais”, afirmou o artista. Provenientes da Republica Democrática do Congo (RDC) e da África do Sul, os músicos internacionais Dr. Samalinga e Uhuru contagiaram o público com suas canções repletas de africanidade numa mistura de afro-sulo, afrobeat e música congolesa. Encerraram a noite de Sexta-feira os músicos Moniz de Almeida, Mago de Sousa, Jojó Gouveia, Preto Show e o “homem do momento”, Dj Loló que fechou as actuações com o ‘hit’ “Liamba” que o público insistentemente pedia bis.
Artes plásticas, literatura e gastronomia marcaram presença
Embora se trate de um festival de música, as outras artes também juntaram-se ao evento durante a semana, representando a variedade e diversidade cultural daquela província. Vendendo as suas obras, o escritor e jornalista, Zé Ricardo, enalteceu a iniciativa da organização pela diversidade artística, mas apelou à necessidade de se investir, fortemente, na indústria cultural daquela província e sublinhou que a arte não é feita só de música, que “os livros têm que ter também espaço no seio da juventude”.
POR: Bernardo Pires